10 nov, 2021 - 09:40 • Lusa
A Polónia lançou uma ofensiva contra os migrantes concentrados na fronteira com a Bielorrússia no meio de uma crise diplomática entre Minsk e a União Europeia.
"Nas últimas 24 horas, a polícia deteve mais de 50 pessoas perto de Bialowieza, depois de terem cruzado a fronteira ilegalmente", disse o porta-voz da polícia regional, Tomasz Krupa, à Agência France Presse (AFP).
O ministro da Defesa polaco, Mariusz Blaszczak, anunciou que as autoridades registaram na noite passada centenas de tentativas de cruzar ilegalmente a fronteira polaca, sublinhando que "todos aqueles que conseguiram passar foram presos".
Enquanto isso, a guarda informou que a situação na fronteira com a Bielorrússia está "calma" e a cadeia de televisão privada polaca PolSat revelou que "um grupo de cerca de 60 pessoas" conseguiu cruzar a fronteira "depois da meia-noite" e que, pelo menos, 20 deles foram presos.
Entretanto, as autoridades bielorrussas acusaram a Polónia de ter agredido quatro migrantes na fronteira entre os dois países. "Considerando os numerosos ferimentos nos corpos dos migrantes, as forças de segurança polacas trataram-nos com brutalidade e perseguiram-nos ao longo da cerca de arame farpado na fronteira com a Bielorrússia", indicou o serviço de guarda fronteiriça bielorrusso.
Hoje é esperada a chegada à Polónia do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que se encontrará com o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, em Varsóvia, para discutir a situação e ratificar o apoio da União Europeia (UE) a este país em crise.
O governo polaco está a aumentar a sua já grande presença militar na fronteira com a Bielorrússia e o ministro da Defesa, Mariusz Blaszczak, confirmou que já há 15 mil soldados destacados.
Além disso, o coronel Marek Pietrzak, porta-voz das Forças de Defesa Territoriais polacas - um corpo paramilitar de reservistas e voluntários - garantiu na terça-feira que 8.000 membros desta unidade foram mobilizados e que 1.000 chegarão à fronteira em breve.
A Polónia, Letónia e Lituânia, que têm enfrentando uma onda de migração ilegal da Bielorrússia nos últimos meses, culpam o regime de Aleksander Lukashenko por mover cidadãos do Iraque, Afeganistão, Síria e outros países para suas respetivas fronteiras para desestabilizar a UE.
Martins da Cruz
Antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Martins(...)