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Golpe militar no Sudão. Líderes políticos detidos e protestos nas ruas

25 out, 2021 - 07:12 • Lusa, com redação

Desde 2019, quando o Presidente foi expulso, que o país tem estado numa transição precária marcada por divisões políticas e lutas pelo poder. Em setembro, houve um golpe falhado.

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Uma tentativa de golpe militar está em marcha no Sudão e há relato de protestos nas ruas do país contra a ação liderada pelo general Fattah Burhan.

O Governo civil foi dissolvido e vários líderes políticos foram detidos, avança a BBC, enquanto grupos de soldados do Exército e paramilitares foram destacados para as ruas da capital Cartum e o aeroporto internacional está encerrado. A internet também foi cortada.

Pelo menos três pessoas morreram e 80 ficaram feridas em resultado de confrontos na sequência da tentativa de golpe de Estado, avança o Comité de Médicos do Sudão.

Duas pessoas morreram atingidas a tiro por militares, segundo a mesma fonte.

Os protestos contra a tentativa de golpe de Estado alastraram-se a várias cidades, incluindo Cartum.

A relação entre os militares e os líderes políticos civis tem vindo a deteriorar-se desde a deposição do Presidente Omar al-Bashir, em 2019.

Estes acontecimentos surgem apenas dois dias após uma fação sudanesa que pedia uma transferência de poder para o Governo civil ter advertido sobre a preparação de um golpe de Estado numa conferência de imprensa que uma multidão de pessoas não identificadas procurou impedir.

O Sudão tem estado numa transição precária marcada por divisões políticas e lutas pelo poder desde a expulsão do Presidente, Omar al-Bashir, em abril de 2019.

Desde agosto de 2019, o país tem sido governado por uma administração civil-militar encarregada de supervisionar a transição para um regime totalmente civil.

O principal bloco civil – as Forças pela Liberdade e Mudança (FFC) – que liderou os protestos anti-Bashir em 2019, dividiu-se em duas fações opostas.

"A crise atual é artificial – e assume a forma de um golpe", disse o líder da FFC, Yasser Arman, numa conferência de imprensa na capital, no sábado.

"Renovamos a nossa confiança no Governo, no primeiro-ministro, Abdullah Hamdok, e na reforma das instituições de transição, mas sem (...) imposição", acrescentou Arman.

As tensões entre os dois lados já existem há muito tempo, mas as divisões foram exacerbadas após o golpe falhado de 21 de setembro.

Na semana passada, dezenas de milhares de sudaneses marcharam em várias cidades para apoiar a transferência total do poder para os civis e em resposta a uma concentração rival de vários dias junto ao palácio presidencial em Cartum, na qual se exigia um regresso ao "domínio militar".

Hamdok descreveu anteriormente as divisões dentro do Governo de transição como a "crise mais grave e perigosa" que enfrenta a transição.

No sábado, Hamdok negou os rumores de que tinha concordado com uma remodelação do gabinete, salientado que não monopolizara o direito de decidir o destino das instituições de transição.

Também no sábado, o enviado especial dos EUA para o Corno de África, Jeffrey Feltman, reuniu-se com Hamdok, com o presidente do órgão governamental do Sudão, o general Abdel Fattah al-Burhan, e o comandante paramilitar Mohamed Hamdan Daglo.

Feltman "destacou o apoio dos EUA a uma transição democrática civil, em conformidade com os desejos expressos pelo povo sudanês", segundo a embaixada dos EUA em Cartum.

Os analistas dizem que as recentes manifestações mostram um forte apoio a uma democracia liderada por civis, mas os protestos de rua podem ter pouco impacto nas fações que pressionam para um regresso ao domínio militar.

[notícia atualizada às 17h57]

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