Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Moçambique. Governo confirma reconquista da sede de Mocímboa da Praia

08 ago, 2021 - 18:30 • Lusa

O porta-voz do Ministério da Defesa Nacional apelou às comunidades da vila de Mocímboa da Praia para se manterem vigilantes.

A+ / A-

O Ministério da Defesa de Moçambique confirmou hoje a reconquista da vila de Mocímboa da Praia pelas forças conjuntas moçambicanas e ruandesas, avançando que os combates continuam para a "consolidação das zonas que prevalecem críticas"

“As forças conjuntas de Moçambique e Ruanda controlam a vila de Mocímboa da Praia, desde as 11:00 [10:00 de Lisboa] de 08 de ago de 2021”, declarou o porta-voz do Ministério da Defesa de Moçambique, Omar Saranga, durante uma conferência de imprensa a final da tarde de hoje em Maputo.

Saranga adiantou que as duas forças recuperaram o controlo de infraestruturas públicas e privadas, incluindo a sede do governo distrital, o porto, aeroporto, hospital, mercados e estabelecimentos de restauração.

“Neste momento, as operações continuam na vila de Mocímboa da Praia com o objetivo de consolidar o controlo sobre as zonas que prevalecem críticas, nomeadamente, alguns bairros periféricos e a zona onde se localiza a estação de tratamento de água”, acrescentou.

O porta-voz do Ministério da Defesa Nacional apelou às comunidades da vila de Mocímboa da Praia para se manterem vigilantes, evitando a infiltração de membros dos grupos armados no seio da população.

Omar Saranga assinalou que a tomada de Mocímboa da Praia é o corolário da conquista de inúmeras posições que os insurgentes vinham ocupando à volta da sede do distrito.

O exército do Ruanda já tinha anunciado hoje a reconquista da vila de Mocímboa da Praia numa operação conjunta com as Forças de Defesa e Segurança (FDS).

“A cidade portuária de Mocímboa da Praia, um grande bastião da insurgência há mais de dois anos, foi capturada pelas forças de segurança ruandesas e moçambicanas”, pode ler-se numa publicação das Forças de Defesa do Ruanda no Twitter.

A mesma publicação relembra que a cidade, alvo de uma operação de recuperação por parte de Maputo e Kigali durante a última semana, “também incorpora a Sede de Distrito e o aeroporto”.

A vila costeira de Mocímboa da Praia, por muitos apontada como a “base” dos insurgentes, é uma das principais do norte da província de Cabo Delgado, situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural conduzido por várias petrolíferas internacionais e liderado pela Total.

A vila tinha sido invadida e ocupada durante um dia por rebeldes em 23 de março do ano passado, numa ação depois reivindicada pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, e foi, em 27 e 28 de junho daquele ano, palco de longos confrontos entre as forças governamentais e os grupos insurgentes, o que levou à fuga de parte considerável da população.

As Forças de Defesa e Segurança de Moçambique contam, desde o início do mês, com o apoio de mil militares e polícias do Ruanda para a luta contra os grupos armados, no quadro de um acordo bilateral entre o Governo moçambicano e as autoridades de Kigali.

Além do Ruanda, Moçambique tem agora apoio da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), num mandato de uma “força conjunta em estado de alerta” aprovado em 23 de junho, numa cimeira extraordinária da organização em Maputo que debateu a violência armada naquela província, havendo militares de alguns países-membros já no terreno.

Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Na sequência dos ataques, há mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+