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ONU alerta para situação "catastrófica" que se vive em Myanmar

06 jul, 2021 - 23:29 • Lusa

Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos sublinhou que o golpe de Estado "exacerbou um certo número de conflitos de longa data nas regiões birmanesas fronteiriças", salientando que foram retomados os combates em alguns estados.

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A ONU alertou nesta terça-feira para "a evolução catastrófica da situação" em Myanmar (antiga Birmânia), afetada por distúrbios desde o golpe de Estado militar de 1 de fevereiro, o que representa um risco para toda a região.

"A situação em Myanmar passou de uma crise política para uma catástrofe multidimensional em matéria de direitos humanos", declarou a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, perante o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra.

"A evolução catastrófica da situação em Myanmar desde o golpe de Estado teve repercussões graves e extensas sobre os direitos humanos, a paz e a segurança e o desenvolvimento durável. Elas [as repercussões] estão a gerar um potencial evidente de insegurança generalizada, com consequências em toda a região", acrescentou Bachelet, sem fornecer mais pormenores.

A responsável sublinhou que o golpe de Estado "exacerbou um certo número de conflitos de longa data nas regiões birmanesas fronteiriças", salientando que foram retomados os combates em alguns estados de Myanmar onde vivem minorias "que tinham sido geralmente pacíficas nos últimos anos".

Desde que o Exército tomou o poder, a 1 de fevereiro, e destituiu o Governo eleito de Aung San Suu Kyi, as forças de segurança reprimiram violentamente o movimento de contestação popular ao regime militar.

"O que começou como um golpe de Estado do exército birmanês transformou-se rapidamente num ataque contra a população civil que se generalizou e sistematizou", frisou Bachelet.

Segundo a ONU, quase 900 pessoas foram mortas, cerca de 200.000 outras viram-se obrigadas a fugir de casa, na sequência de incursões militares nos bairros de cidades e aldeias, e procurar refúgio nos países vizinhos.

Além disso, ainda de acordo com a ONU, pelo menos 5.200 pessoas foram arbitrariamente detidas, entre as quais mais de 90 jornalistas, ao passo que oito grandes órgãos de comunicação social foram encerrados.

"A miséria e a violência que reinam em todo o país destroem as perspetivas de desenvolvimento durável e fazem temer a falência do Estado ou uma guerra civil mais ampla", indicou Michelle Bachelet, que em meados de abril afirmara temer que Myanmar "se encaminhasse para um conflito generalizado".

A Alta Comissária classificou como "um primeiro passo" a libertação, na semana passada, de 2.200 presos, mas exigiu que tal libertação seja incondicional e rapidamente seguida da dos milhares de pessoas que ainda se encontram arbitrariamente detidas, incluindo dirigentes políticos.

"O desespero está a aumentar", alertou, indicando que, em muitas regiões do país, as pessoas pegaram em armas para se proteger.

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