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Etiópia

Governo anuncia cessar-fogo e abandona capital da região do Tigray

28 jun, 2021 - 22:21 • Lusa

O conflito na Etiópia dura há vários meses e viu serem cometidas várias atrocidades.

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O Governo da Etiópia anunciou esta segunda-feira um cessar-fogo unilateral em Tigray, num dia em que os rebeldes já terão entrado na cidade, que viu o governo interino apoiado por Adis Abeba abandonar a capital da região.

O Governo interino de Tigray saiu esta segunda-feira de Mekele, deixando a região sem uma autoridade política e administrativa, com as forças leais aos separatistas a avançar sobre a cidade.

“Todos saíram, os últimos esta tarde, a região não tem governo”, disse um membro do governo interino, citado pela agência France-Presse, sob condição de anonimato.

A agência Associated Press (AP) noticia, entretanto, que os rebeldes, que há semanas tentavam recuperar o controlo da sua capital, Mekele, já estão na cidade, o que terá motivado Adis Abeba a emitir um comunicado no qual anuncia um cessar-fogo imediato e unilateral.

Esta iniciativa "vai permitir aos agricultores cultivar as suas terras, ajudar os grupos humanitários a operarem sem qualquer movimento militar e vai possibilitar um envolvimento com os membros do antigo poder no Tigray que procuram a paz", segundo uma declaração oficial lida na televisão estatal.

De acordo com os números da Organização das Nações Unidas, pelo menos 350 mil pessoas estão a passar fome na região, mas o Governo central contesta estes números, com as duas partes em confronto a acusarem-se mutuamente.

Os confrontos entre os separatistas da Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF) e o Exército federal da Etiópia, apoiado por militares das regiões vizinhas e da Eritreia, continuam, apesar dos pedidos de cessar-fogo.

O gabinete do primeiro-ministro não respondeu aos pedidos de comentário da agência de notícias francesa sobre a retirada de Tigray.

A região do Tigray é palco de combates desde 04 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o Exército etíope para desalojar a TPLF, o partido eleito que então governava o estado etíope no norte da Etiópia, e que vinha há vários meses a desafiar a autoridade de Adis Abeba.

Abiy, Prémio Nobel da Paz em 2019, justificou a operação militar como resposta a um ataque prévio das forças estaduais do Tigray a uma base do Exército federal.

Desde o início do conflito, milhares de pessoas morreram e quase dois milhões foram deslocadas internamente, enquanto pelo menos 75.000 fugiram para o vizinho Sudão, de acordo com números oficiais.

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