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Migrantes em Ceuta. Espanha avisa que "não aceita nenhum tipo de chantagem" de Marrocos

20 mai, 2021 - 12:00 • Sofia Freitas Moreira , João Cunha com agências

Entre segunda e terça-feira, mais de oito mil migrantes entraram em Ceuta, perante a passividade das autoridades marroquinas. Entre eles,1.500 menores, 800 dos quais não acompanhados.

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Confrontos entre migrantes e polícia perto de Ceuta. Há 1.500 menores que não podem ser deportados
Confrontos entre migrantes e polícia perto de Ceuta. Há 1.500 menores que não podem ser deportados

A ministra espanhola da Defesa avisou, esta quinta-feira, que o país não vai aceitar “nenhum tipo de chantagens” vindas de Marrocos e que a integridade territorial "não é negociável, nem está em jogo".

O recado foi dado numa entrevista à Radio Nacional de Espanha, onde Margarita Robles acusou ainda Marrocos de recorrer a menores para fazer “o que fez nos últimos dias”, em Ceuta.

“Não vamos aceitar nenhum tipo de chantagens, a integridade de Espanha não é negociável nem está em jogo, e vamos colocar todos os meios necessários para garantir a nossa integridade territorial, vigiar as nossas fronteiras e garantir o cumprimento do direito internacional”, avisou.

A ministra terminou o comentário, dizendo que “Marrocos é um país vizinho, um país amigo”, que “tem de considerar e reconsiderar o que fez nos últimos dias”.

Depois de manifestar o seu orgulho no papel desempenhado pelas Forças Armadas e as forças de segurança do Estado nesta crise migratória, Margarita Robles salientou que demonstraram, uma vez mais, que a Espanha "é um país basicamente humanitário".

Entre segunda e terça-feira, mais de oito mil migrantes entraram em Ceuta, perante a passividade das autoridades marroquinas. Entre eles, 1.500 menores, 800 dos quais não acompanhados.

Por lei, a Espanha não pode devolver menores não acompanhados, a menos que os seus pais o solicitem.

Cerca de 5.600 adultos dos 8 mil marroquinos que conseguiram chegar ao enclave de Ceuta foram expulsos do país.

Enquanto os migrantes eram submetidos a testes Covid-19 fora do armazém onde foram colocados, a Cruz Vermelha entregava comida e água aos menores. As autoridades retiraram os menores do armazém e não disseram para onde os iriam levar.

Antes do afluxo maciço em Ceuta esta semana, a Espanha já tinha oito mil migrantes menores registados no território.

A tensão entre Espanha e Marrocos diminuiu face à presença de unidades antimotim das forças de segurança marroquinas, após Rabat ter decidido reativar o controlo fronteiriço.

A origem desta última crise entre Espanha e Marrocos está relacionada com a permanência em Madrid do secretário-geral da Frente Polisário, Brahim Ghali, por motivos de saúde.

Esta quinta-feira, a ministra espanhola reiterou que Brahim Gali está em Espanha por "razões humanitárias", em circunstância prevista no direito internacional.

Ceuta e Melilla, as únicas fronteiras terrestres da União Europeia com África, são regularmente palco de tentativas de entrada de migrantes, mas a maré humana de segunda-feira não tem precedentes.

A Frente Polisário, considerada como um grupo terrorista por Rabat, reivindica o direito à autodeterminação no Saara Ocidental, território que foi colónia espanhola e posteriormente ocupado pelo Marrocos.

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  • Anónimo
    21 mai, 2021 Lisboa 20:03
    Porque é que Ceuta pertence ao estado espanhol quando é uma cidade no continente africano?

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