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Crime organizado europeu está mais violento e aproveita a pandemia, alerta Europol

12 abr, 2021 - 15:23 • Celso Paiva Sol

O relatório apresentado em Lisboa revela que dois terços dos criminosos usam regularmente a corrupção, mais de 80% das redes internacionais usam estruturas comerciais legais para fazerem os seus negócios, e 60% delas recorrem á violência para a prática dos seus crimes.

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A Europol mostra-se muito preocupada com a evolução do crime organizado na Europa e fala num ponto de viragem, com ameaças á segurança cada vez mais sérias e complexas - e inclui a pandemia como um dos principais riscos da atualidade.

Na apresentação do relatório de Avaliação da Ameaça do Crime Grave e Organizado (SOCTA, na sigla em inglês), esta segunda-feira em Lisboa, na sede da Polícia Judiciária, em Lisboa, a diretora-executiva da Europol, Catherine de Bolle, revelou uma rápida adaptação das organizações criminosas ao novo contexto provocado pela covid-19.

"A atual situação de crise e os previsíveis efeitos económicos e sociais criaram as condições ideias para aumentar a ameaça do crime organizado na Europa. Os criminosos foram rápidos a adaptar os produtos ilegais, o modus operandi, e a narrativa à pandemia da covid-19. Exploram o medo e a ansiedade dos europeus, lucrando com a escassez de alguns bens durante a pandemia. Uma potencial recessão profunda provocada pela pandemia pode facilitar o crescimento do crime organizado na União Europeia", alerta Catherine de Bolle.

Também a comissária europeia para os Assuntos Internos, Ylva Johansson, mostrou apreensão com o efeito que a crise pandémica já está a ter no desenvolvimento do crime organizado.

Johansson aponta a corrupção como principal problema, numa altura em que a pandemia vai movimentar muito dinheiro na Europa.

"Hoje em dia, apenas 1% dos lucros do crime são confiscados. Temos que seguir o dinheiro, para apanhar os criminosos em investigações financeiras. Temos que combater a corrupção, em especial agora que estamos a mobilizar dinheiro publico para cuidados de saúde e recuperação. Nem um euro, nem um cêntimo desse dinheiro pode ir parar aos bolsos dos criminosos", disse a comissária.

Europol pode passar a investigar casos que ponham em causa os valores europeus

A comissária europeia para os Assuntos Europeus escusa-se a comentar a reforma do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), e as eventuais implicações que pode ter no sistema global de controlo de fronteiras em todo o espaço Shengen e também contorna a morte do cidadão ucraniano no Aeroporto de Lisboa, dizendo que é uma questão interna de Portugal.

Ainda assim, pressionada pelos jornalistas, Ylva Johansson defendeu a hipótese da Europol passar a investigar também casos que ponham em causa os valores europeus.

"Recentemente foi apresentada uma renovação do mandato da Europol, e dela consta a proposta de que a Europol possa propor a abertura de investigações mesmo sobre casos que não tenham acontecido numa fronteira. Desde que seja um crime que ponha seriamente em causa os valores comuns da União Europeia. É uma nova possibilidade que eu propus, e que pode envolver casos que aconteçam não apenas no controlo de fronteiras", sublinhou.

O Relatório da Europol apresentado em Lisboa, no âmbito da presidência portuguesa do Conselho Europeu, revela que dois terços dos criminosos usam regularmente a corrupção, mais de 80% das redes internacionais usam estruturas comerciais legais para fazerem os seus negócios, e 60% delas recorrem á violência para a prática dos seus crimes.
O tráfico de droga - que corresponde a 40% da atividade criminosa na Europa - continua a dominar a lista de crimes, mas é pela Internet que passa a maior parte dessa atividade, seja para a promoção de todo o tipo de tráficos, seja para a difusão de criminalidade sexual, sobretudo contra menores.
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  • Ivo Pestana
    12 abr, 2021 Funchal 21:29
    Fronteiras abertas dá nisto. Vêem a um país, matam, roubam e vandalizam, depois regressam à origem, sem qualquer fiscalização. Verdade ou mentira?

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