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Brasil

Lula defende vacina e pede que Brasil não siga "decisão imbecil" de Bolsonaro

10 mar, 2021 - 17:06 • Lusa

O ex-presidente diz que não sente mágoa pelo tempo que passou na prisão, uma vez que o sofrimento dos brasileiros pobres é muito maior.

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O ex-presidente do Brasil Lula da Silva defendeu esta quarta-feira as vacinas contra a Covid-19 e lançou duras críticas à gestão do atual mandatário, apelando a que os brasileiros não sigam "nenhuma decisão imbecil" de Jair Bolsonaro.

"Vou tomar a minha vacina, não importa de que país. E quero fazer propaganda para o povo brasileiro. Não siga nenhuma decisão imbecil do Presidente da República [Jair Bolsonaro] ou do ministro da Saúde [Eduardo Pazuello]", criticou Lula da Silva, em São Paulo, na sua primeira declaração pública após as condenações no Paraná terem sido anuladas.

"Tome vacina, porque a vacina é uma das coisas que pode livrar você da Covid-19. Mas mesmo tomando vacina, não ache que você já [pode] tirar a camisa, já [pode] ir para o 'boteco' [bar] pedir uma cerveja gelada, ficar conversando. Não! Você precisa de continuar a fazer isolamento, continuar a utilizar máscara, álcool em gel. Pelo amor de Deus. Esse vírus, essa noite, matou quase 2.000 pessoas. As mortes estão sendo naturalizadas", disse, em tom exaltado, o ex-mandatário.

Luiz Inácio Lula da Silva lamentou as mais de 268 mil mortes devido à Covid-19 no Brasil e criticou duramente a conduta e retórica de Bolsonaro ao longo da pandemia.

O antigo chefe de Estado prestou ainda "solidariedade" aos governadores que, segundo o político, estão a "lutar para dar vacina", apesar da "incompetência" do Governo e do Ministério da Saúde.

"Muitas mortes podiam ter sido evitadas se o Governo fizesse o elementar. A arte de governar não é fácil, mas é a arte de saber tomar decisões. A primeira coisa que o Presidente deveria ter feito era, em março, ter criado um comité de crise com especialistas", disse Lula, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo, São Paulo.

"Ele [Bolsonaro] não sabe o que é ser Presidente. A vida inteira não foi nada. Ele não foi nem capitão. Só se aposentou porque queria explodir quartel. Depois de se aposentar, nunca mais fez nada na vida. Ele foi vereador e deputado durante 32 anos e conseguiu passar para a sociedade de que ele não era político. Conseguem ver o poder do fanatismo através das 'fake news'? Elas elegeram um Trump, elas elegeram Bolsonaro", frisou Lula.

O Brasil, com 212 milhões de habitantes e que vacinou cerca de 4% da sua população, concentra 268.370 mortes e 11.122.429 casos de infeção, sendo um dos três países mais afetados pelo novo coronavírus em todo o mundo.

Sem mágoa

O ex-presidente brasileiro Lula da Silva recusou hoje sentir mágoa pelos 580 dias que passou na prisão, por condenações na Lava Jato agora anuladas, afirmando que "o sofrimento que os pobres brasileiros estão a passar é infinitamente maior".

"Se tem um brasileiro que tem razão para ter muitas e profundas mágoas sou eu, mas não tenho, porque o sofrimento que o povo brasileiro e os pobres estão passando neste país é infinitamente maior do que qualquer crime que cometeram contra mim", afirmou Lula, na sua primeira declaração pública após as condenações no Paraná terem sido anuladas, na segunda-feira.

"Não há dor maior do que levantar de manhã e não ter a certeza de um café com pãozinho com manteiga para tomar, do que não ter um prato de feijão com farinha para dar ao filho, do que saber que está desempregado e não terá salário para sustentar a família", frisou o ex-mandatário.

Lula da Silva falou esta quarta-feira à imprensa, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo, São Paulo, na presença de figuras políticas como Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) que perdeu a eleição presidencial para Jair Bolsonaro, em 2018, e Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

O juiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro, anulou na segunda-feira todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Justiça Federal no Paraná, relacionadas com as investigações da operação anticorrupção Lava Jato.

A anulação foi decretada na sequência da decisão de Fachin, de declarar a incompetência da Justiça Federal do Paraná nos processos sobre a posse de um apartamento de luxo no Guarujá e de uma quinta em Atibaia, ambos em São Paulo, que haviam levado a duas condenações do ex-chefe de Estado brasileiro, em decisões das primeira e segunda instâncias.

Isto não quer dizer que o antigo chefe de Estado brasileiro tenha sido inocentado já que os processos serão remetidos para a justiça do Distrito Federal, que vai reavaliar os casos e pode receber novamente as denúncias e reiniciar os processos anulados.

Com a decisão, porém, Lula da Silva voltou a ser elegível e recuperou seus direitos políticos.

Lula, de 75 anos e que governou o Brasil entre 2003 e 2010, chegou a cumprir 580 dias de prisão, entre abril de 2018 e novembro de 2019 e, desde então, o ex-presidente recorria da sua sentença em liberdade condicional.

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  • Anónimo
    11 mar, 2021 Lisboa 19:54
    Um grande Homem, condenado sem provas, vítima de uma grande injustiça, mas que apesar disso tudo preocupa-se não com ele próprio (como estaria no seu direito) mas sim com o seu povo. Espero que o povo brasileiro se aperceba do grande erro que cometeu em 2018 e ponha mais Homens e Mulheres como Lula no poder.

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