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Etiópia. Massacre em Axum perpetrado por militares eritreus, diz Amnistia

27 fev, 2021 - 22:53 • Filipe d'Avillez

O massacre que deixou centenas de pessoas mortas durante o recente conflito no Tigray terá sido uma retaliação de soldados da Eritreia por causa de um ataque levado a cabo por militantes tigrinos.

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A Amnistia Internacional acusa os militares da Eritreia de terem levado a cabo o massacre que em finais de novembro levou à morte de centenas de civis na cidade de Axum, na Etiópia.

Os militares eritreus participaram juntamente com as Forças Armadas da Etiópia numa operação para pôr fim a uma insurreição na região do Tigray, motivado pelo descontentamento dos líderes daquela zona etíope com o que dizem ser o desprezo a que têm sido votados pelo governo de Addis Abeba.

Nos dias que antecederam o ataque os militantes do Tigray lançaram projéteis contra a Eritreia, que chegaram a atingir o aeroporto internacional de Asmara, levando a Eritreia a juntar as forças às dos seus antigos inimigos da Etiópia para pôr fim ao movimento.

Os primeiros relatos de um massacre em larga escala em Axum, uma das mais importantes cidades do Tigray e antiga capital do império etíope, começaram a surgir há mais de um mês mas careciam de confirmação. Entretanto vários sobreviventes e testemunhas conseguiram contar o que viram.

Segundo a Amnistia Internacional, que entrevistou mais de 40 pessoas, os responsáveis pelo massacre foram militares eritreus que agiram em retaliação por um ataque às suas forças levada a cabo por militantes da Frente de Libertação do Povo do Tigray e civis tigrinos.

Perante este ataque as forças armadas entraram na cidade e começaram a matar indiscriminadamente os civis que estavam na rua e até a ir de casa em casa, matando sobretudo homens.

“As provas são convincentes e apontam para uma conclusão assustadora. Tropas da Etiópia e da Eritreia cometeram vários crimes de guerra na ofensiva para assumir o controlo de Axum. Porém, além de tudo isto, mataram sistematicamente centenas de civis a sangue-frio, o que parece constituir crimes contra a humanidade.”

“Esta atrocidade está entre as piores que, até agora, foram documentadas neste conflito. Além do número de mortos, os residentes de Axum foram atirados para dias de trauma coletivo”, disse Deprose Muchena, diretor da Amnistia Internacional para a África Oriental e Austral.

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