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Estudo

Covid-19. Antiviral acelera eliminação do vírus em doentes não hospitalizados

06 fev, 2021 - 00:46 • Lusa

Investigação canadiana, publicada no boletim Lancet Respiratory Medicine, conclui que o tratamento com 'peginterferon-lambda' permitiu às pessoas infetadas eliminarem o SARS-CoV-2 mais rapidamente, apresentando melhores resultados nos doentes que tinham cargas virais mais elevadas.

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Um medicamento antiviral ainda em fase experimental pode acelerar a eliminação do novo coronavírus em doentes não hospitalizados, contribuindo para evitar a disseminação da Covid-19 na comunidade, concluiu um estudo clínico desenvolvido no Canadá.

A investigação liderada pela University Health Network (UHN), em Toronto, publicada no boletim científico Lancet Respiratory Medicine, chegou à conclusão de que o tratamento com o antiviral peginterferon-lambda permitiu às pessoas infetadas eliminarem o coronavírus SARS-CoV-2 mais rapidamente, apresentando melhores resultados nos doentes que tinham cargas virais mais elevadas.

Os casos com maior carga viral estão associados a uma situação potencial de doença mais grave e a um maior risco de transmissão do SARS-CoV-2 a outras pessoas.

De acordo com o estudo, os pacientes que receberam uma única injeção do peginterferon-lambda, desenvolvido para o tratamento da hepatite viral, apresentaram quatro vezes mais hipóteses de curar a infeção num período de apenas sete dias, quando comparados com o grupo que recebeu um placebo.

Os investigadores defendem que este tratamento antiviral pode assumir uma função importante para tratar doentes infetados e, ao mesmo tempo, ajudar a conter a disseminação do SARS-CoV-2, numa altura em que são ainda escassas as vacinas contra a Covid-19 em todo o mundo.

"Este tratamento apresenta um grande potencial terapêutico, especialmente neste momento, em que várias variantes agressivas do coronavírus estão a espalhar-se pelo mundo, sendo menos sensíveis às vacinas e ao tratamento com anticorpos", salientou Jordan Feld, codiretor do centro de investigação hepática Schwartz Reisman, da UHN.

Segundo o investigador, o grupo de pessoas que foi tratado com este antiviral mostrou uma “tendência de melhoria mais rápida dos sintomas respiratórios”.

“Se pudermos diminuir o nível de carga do vírus rapidamente, as pessoas têm menos probabilidade de espalhar a infeção a outras e até podemos ser capazes de encurtar o tempo necessário para o auto-isolamento”, salientou Jordan Feld.

A 'interferon-lambda' é uma proteína produzida pelo organismo humano, como resposta a infeções virais, que apresenta a capacidade de ativar várias vias celulares para eliminar os vírus invasores.

O novo coronavírus impede que o corpo produza esta proteína, evitando, desta forma, que seja controlado pelo sistema imunológico da pessoa infetada.

Na prática, o tratamento com 'interferon-lambda' ativou as mesmas vias de eliminação de vírus nas células, concluiu o estudo da UHN.

O antiviral peginterferon-lambda usado neste estudo é uma versão de ação prolongada de um medicamento desenvolvido pela Eiger BioPharmaceuticals, que pode ser administrado como uma única injeção sob a pele, num procedimento semelhança à insulina.

Este estudo realizado em Toronto, entre maio e novembro de 2020, envolveu um universo de 60 participantes, 30 dos quais receberam o antiviral, enquanto aos restantes foi administrado um placebo.

Segundo a UHN, face aos resultados obtidos, está a ser planeada a fase 3 desta investigação que deverá arrancar em breve.

Paralelamente, estão a decorrer outras investigações sobre a utilização do peginterferon-lambda em pacientes hospitalizados e em locais onde pode ser usado para prevenir infeções, a cargo das universidades de Toronto, Harvard e Johns Hopkins.

A pandemia de Covid-19 já provocou pelo menos 2.285.334 mortos resultantes de mais de 104,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 13.740 pessoas dos 755.774 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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