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Rússia

Em prisão preventiva, Navalny revela inquérito anticorrupção ao “palácio de Putin”

19 jan, 2021 - 17:21 • Redação com Lusa

Nos últimos anos, as autoridades russas têm desmentido qualquer ligação do Presidente à propriedade, cuja construção rondou os 1,11 mil milhões de euros.

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O opositor russo Alexei Navalny publicou esta terça-feira, dois dias após a sua detenção, um inquérito que na sua perspetiva demonstra a corrupção de Vladimir Putin e do seu círculo para atribuir ao Presidente russo um verdadeiro “palácio”.

A publicação é acompanhada de um apelo aos russos para se manifestarem no sábado contra o poder, renovando o convite de Navalny para protestos de rua.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, rejeitou de imediato estas acusações, que desmentiu em declarações à agência Ria Novosti, apesar de referir que ainda desconhece os detalhes deste inquérito.

Num vídeo com cerca de duas horas que já atingiu 500 mil visualizações no YouTube, registado antes do seu regresso à Rússia e à sua detenção no domingo, o principal detrator do Kremlin acusou o Presidente russo de ser o beneficiário, através de outros nomes, de uma vasta propriedade e de um imenso palácio perto da cidade de Guelendjik, nas margens do Mar Negro.

A construção do "palácio" de Praskoveyevka, na costa do Mar Negro, no sul da Rússia, custou 100 mil milhões de rublos (cerca de 1.11 mil milhões de euros). A propriedade tem uma superfície total de 7 mil hectares e é detida pelo FSB, os serviços de informação russos, adianta Navalny no vídeo.

"Não estamos a falar de uma casa de campo, de um chalé ou de uma residência. É toda uma cidade, ou melhor, um reinado."

Ainda hoje, o grupo de ‘media’ russo RBK informou que foi detido um polícia acusado de ter divulgado dados que podem ter ajudado a identificar os presumíveis autores do envenenamento de Navalny em agosto passado com recurso a um agente neurotóxico.

O opositor continua a acusar Putin de ter ordenado o seu alegado envenenamento na Sibéria. A Rússia rejeita qualquer responsabilidade neste caso, e considera não existirem indícios de um crime contra Navalny.

O polícia detido, identificado como Kiril Chuprov, trabalhava num departamento policial da região de Samarra e foi detido em 29 de dezembro ao ser indiciado por suposto abuso de poder, indicou o RBK.

Segundo a investigação, o agrente da polícia, que está atualmente em prisão domiciliária, forneceu informações de uma base de dados a uma pessoa exterior ao seu serviço.

A detenção ocorreu poucos dias após a plataforma de investigação Bellingcat e os seus parceiros Der Spiegel e CNN referirem em 14 de dezembro passado que uma equipa de peritos de armas químicas do FSB estará envolvida no envenenamento de Navalny.

Alexei Navalny, 44 anos, foi detido no domingo num aeroporto de Moscovo no seu regresso ao país e após cinco meses de convalescença na Alemanha.

Este luxuoso complexo incluirá vinhas, um recinto de hóquei sobre o gelo ou um casino. Segundo o opositor, terá sido financiado por próximos do Presidente russo, como o patrão da Rosneft, Igor Setchine, ou o empresário Guennadi Timtchenko.

“É um Estado no interior da Rússia. E neste Estado apenas existe um czar inamovível: Putin”, considera Navalny, que também acusa o Presidente russo de ser “obcecado pelas riquezas e pelo luxo”.

A existência deste palácio e as suas alegadas ligações com Vladimir Putin emergiram pela primeira vez em 2010, e algumas investigações jornalísticas referiram-se a diversas infrações.

Nos últimos anos, as autoridades russas têm desmentido qualquer relação entre esta propriedade e o Presidente russo.

No entanto, Navalny considera que a sua investigação, incluindo fotos e documentos, comprovam a amplitude das infrações cometidas na construção do complexo.

O opositor especializou-se em inquéritos anticorrupção dirigidos à elite russa.

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