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Barómetro anual das regiões e cidades da UE

Cidadãos da UE querem mais poder para responsáveis locais e regionais

13 out, 2020 - 01:11 • Ana Carrilho

A pandemia de Covid-19 teve um forte impacto sobre as receitas das regiões e cidades europeias, revela o 1º Barómetro Anual das Regiões e Cidades da União Europeia.

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A crise do coronavírus teve um forte impacto sobre as receitas das regiões e cidades europeias, revela o 1º Barómetro Anual das Regiões e Cidades da União Europeia, divulgado hoje, no início da Semana Europeia das Regiões, organizada pelo Comité Europeu das Regiões, em Bruxelas.

A pandemia de Covid-19 gerou grande desigualdades económicas e sociais. O risco de uma Geração Perdida de jovens é grande. Mas o Barómetro também mostra que a maioria dos cidadãos europeus dão mais valor aos eleitos locais e regionais, nomeadamente na resposta que deram à pandemia. E acham que deviam ter mais poder, nomeadamente nas áreas da Saúde, Emprego e Assuntos Sociais, Educação, Formação e Cultura.

“Efeito tesoura” põe finanças das cidades e regiões em risco

A redução das receitas e o aumento das despesas (“efeito tesoura”) deixou muitas cidades e regiões da União Europeia em grave situação financeira.

Segundo o 1º Barómetro Anual das Cidades e Regiões da EU, dedicado ao impacto da COVID, cerca de 90% das regiões e municípios vai ter uma quebras nas receitas devido à redução da atividade económica. Por outro lado, as despesas com saúde e a área social, assim como a proteção civil aumentaram exponencialmente.

“Por exemplo, a redução de receitas a nível regional só em França, Itália e Espanha ronda os 30 mil milhões de euros, ou seja, mais de 10% do total”.

De acordo com um inquérito feito pelo Comité das Regiões com a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico - em cerca de trezentos municípios e regiões, mais de metade sentiu um forte impacto nas suas finanças. E sem um forte apoio, as respetivas autoridades consideram que a situação pode piorar em 2021 e até em 2022.

As cidades foram particularmente atingidas. 78% dos inquiridos das maiores cidades frisam que a pandemia teve um forte impacto no seu funcionamento e finanças; entre estas, mais de metade espera uma forte redução de receitas.

Particularmente afetadas foram as regiões, cidades e vilas que dependem do turismo, sobretudo as zonas periféricas e marítimas da União Europeia. O setor representa cerca de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) da UE e 27 milhões de postos de trabalho. Com o confinamento e o encerramento de fronteiras foi, por isso, o mais afetado entre os grandes setores económicos.

A Geração Perdida da Covid-19

Só seis estados membros têm ensino com condições de alto nível digital, capazes de abranger 80% ou mais dos seus alunos e a pandemia aumentou os riscos de aprofundamento das desigualdades entre os sistemas de educação das zonas urbanas e as rurais.

Por outro lado, a crise atingiu especialmente as mulheres, que constituem cerca de 80% total de profissionais na área da saúde e dos cuidados, assim como nas vendas e serviços. Além disso, durante o confinamento, foram vítimas de um aumento da violência doméstica.

Boa parte dos jovens têm contratos precários, a prazo, trabalham como independentes e muitas vezes, a tempo parcial. E foram dos mais afetados pelos efeitos da crise no emprego.

Por isso, o Barómetro considera que os jovens são o grupo mais vulnerável à medida que o digital aprofunda as divisões na Europa: aumenta o risco de uma “Geração Perdida COVID”, no que toca ao acesso à educação digital e oportunidades de trabalho.

Assimetrias na saúde: Portugal é o país com menos camas para cuidados intensivos

A disponibilidade de camas de cuidados intensivos e profissionais de saúde varia muito entre os países da União Europeia e isso tem um impacto direto na capacidade de lidar com uma emergência, como a pandemia.

O barómetro divulgado pelo Comité Europeu das Regiões revela que Portugal é o país da EU com menos camas de cuidados intensivos em relação à população residente: 4,2/100 000 habitantes. No topo da hierarquia está a Alemanha, com 29,2 camas por 100 mil habitantes. O mesmo se passa em relação aos profissionais de saúde.

O impacto positivo do poder local

Segundo um inquérito realizado junto de 26 mil e 300 pessoas em todos os estados membros, a saúde está no topo das prioridades em que as autoridades locais e reginais deveriam influenciar mais as decisões europeias. Seguem-se o Emprego e Assuntos Sociais, Educação, Formação e Cultura.

Mais de metade dos inquiridos tende a confiar mais nos eleitos locais e regionais, mas quase 70% considera que não têm influência suficiente nas decisões tomadas na União Europeia.

Por isso, 58% dos inquiridos (sempre com maioria em todos os estados membros) considera que se tiverem mais poder, tal se traduzirá num impacto positivo para resolver os problemas.

O Barómetro conclui que há cada vez mais gente a pensar que o futuro da Europa tem que ser construído com as regiões, cidades e vilas e não apenas com os estados membros e Bruxelas.

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