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Postal de Quarentena - Cidade do Panamá

No Panamá, com saudades do futuro!

19 mai, 2020 - 06:30 • Pedro Rocha*

Com uma população de menos de cinco milhões, o Panamá registou 275 mortes em menos de 10 mil casos confirmados até agora. Há quem argumente que o país aplicou a quarentena mais dura do mundo. Não acredita? Veja o que diz este português, a viver no Panamá há dois anos.

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Panamá, país conhecido pelo canal que une Atlântico e Pacifico, está desde o início de março com uma quarentena muito rigorosa. Se vivíamos já “entalados” entre dois oceanos, temos agora a sensação de que esta pandemia da COVID-19 nos cercou, furtivamente, pelas dimensões restantes.

Vivemos há mais de dois meses sob duríssimas regras restritivas, sem a liberdade a que nos habituámos a ter e julgávamos ser um direito adquirido, básico e não negociável.

Há imprensa a afirmar que o Panamá seja talvez o país com as mais duras medidas de confinamento nas Americas, e provavelmente no mundo – acho que sim... e está a ser uma experiência e tanto!

Recolher obrigatório nas noites e durante os fins-de-semana inteiros. Nos dias úteis, a licença para ir ao supermercado ou farmácia, apenas é dada por uma hora a cada pessoa, num horário específico determinado pelo último algarismo do passaporte, mas aplicável em dias diferentes para mulheres e homens. Saímos em contrarrelógio, eles nas terças e quintas, elas nas segundas, quartas e sextas... É difícil explicar a sensação que se tem nestas saídas fugazes para simplesmente ir ao supermercado e voltar rápido para casa.

O importante é que “haja saúde” e devo brindar a isso, mas... com água, claro! Porque há lei seca desde que iniciou a “quarentena total” e não se podem comprar bebidas alcoólicas de nenhum tipo em nenhum sítio.

Que saudades de tomar uns mojitos com boa música e um lindo “sunset” num qualquer “rooftop” do Casco Antigo, de um dia de praia no arquipélago paradisíaco de San Blas, de convidar uma grupeta de amigos portugueses para um churrasco cá em casa num dia em que jogue o meu FC Porto!

Temos também muitas saudades de poder viajar, de programar a nossa próxima ida a Portugal para visitar os nossos queridos amigos e familiares.

Enfim, uma quarentena que parece infindável mas que, nos deixa com muitas saudades do futuro!


*Pedro Rocha, 47 anos, vive no Panamá há dois anos e trabalha numa multinacional de Oil & Gas.

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