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Protesto anti-racismo em Kenosha. Facebook cometeu "erro", admite Zuckerberg

29 ago, 2020 - 20:16 • Lusa

Sem pedir desculpa, fundador do Facebook assume que não devia ter sido possível que milícia apelasse a civis armados, através da rede social, para entrarem em Kenosha durante protestos contra violência policial e racismo institucionalizado. Nesse dia, um rapaz branco de 17 anos matou dois manifestantes a tiro.

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O Facebook cometeu um erro ao permitir a página de uma milícia, no início desta semana, que apelou a civis armados para entrarem em Kenosha, no estado norte-americano de Wisconsin, durante protestos violentos, disse o CEO da empresa este sábado.

“Foi em grande parte um erro operacional. Os empreiteiros, os revisores, para quem as reclamações iniciais foram encaminhadas, basicamente, não perceberam isso”, afirmou Mark Zuckerberg.

A página da Kenosha Guard (Guarda de Kenosha) violou as políticas do Facebook e foi sinalizada por “muita gente”, afirmou Zuckerberg, num vídeo publicado naquela rede social.

A empresa adotou novas diretrizes nas últimas semanas, para remover ou restringir publicações de grupos que representem uma ameaça para a segurança pública.

O Facebook retirou a página na quarta-feira, depois de um jovem civil armado ter aberto fogo no protesto em Kenosha, na noite de terça-feira, provocando a morte de duas pessoas e ferindo uma terceira.

A manifestação foi convocada depois de o afroamericano Jacob Blake ter sido alvejado sete vezes nas costas por um polícia caucasiano, no passado domingo.

Zuckerberg não se desculpou pelo erro e disse que, até ao momento, o Facebook não encontrou nenhuma prova de que Kyle Rittenhouse, o alegado atirador, de 17 anos, estava ciente da existência da página Kenosha Guard e do convite que publicou para que membros de uma milícia armada fossem a Kenosha.

O Facebook está agora a retirar publicações que elogiam o tiroteio de terça-feira, segunda Zuckerberg.

Ainda assim, de acordo com uma reportagem publicada na quinta-feira, pelo jornal britânico "The Guardian", foram encontrados exemplos de apoio e até mensagens de recolha de fundos ainda a serem partilhados no Facebook e no serviço de partilha de fotografias Instagram.

Zuckerberg contrastou ainda o tratamento feito a Jacob Blake, alvejado sete vezes nas costas pela polícia, e o jovem caucasiano de 17 anos acusado de matar duas pessoas, que carregava uma arma AR-15 perto da polícia sem ser questionado, e reconheceu a importância da manifestação pelos direitos civis que se realizou na sexta-feira, em Washington D.C..

“Há uma sensação de que as coisas não estão realmente a melhorar à velocidade que deviam, e acho isso muito doloroso e desanimador”, apontou.

Zuckerberg sublinhou ainda que a empresa está a trabalhar para melhorar a sua execução, apesar de não fornecer mais pormenores, reconhecendo que as próximas eleições presidenciais apresentariam desafios ainda maiores à volta da polarização de conteúdo.

“Há um risco crescente, contínuo e real nas eleições durante este período muito sensível, polarizado e altamente carregado”, finalizou.

A violência policial que deixou Blake gravemente ferido, no passado domingo, em Kenosha, no Wisconsin, foi o pretexto para o desencadear de manifestações populares que apanharam pela frente milícias integradas por caucasianos, e que resultou, na passada terça-feira, na morte de duas pessoas, assassinadas a tiro por um miliciano.

O autor das duas mortes, Kyle Rittenhouse, foi formalmente acusado de cinco crimes, que incluem homicídio voluntário de primeiro grau e homicídio imprudente de primeiro grau, assim como posse de arma perigosa por um menor, acusações que lhe podem custar uma pena de prisão perpétua.

O caso de violência policial contra Jacob Blake ocorreu cerca de três meses depois da morte do também afro-americano George Floyd, sufocado por um polícia caucasiano a 25 de maio, em Minneapolis.

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