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Bagdad. EUA acusam Irão de "orquestrar" ataque à embaixada e enviam mais soldados para a região

01 jan, 2020 - 08:59

Chefe da diplomacia de Washington, Mike Pompeo, diz que ataque foi uma "obra terrorista". Por sua vez, a diplomacia iraniana mostrou-se "surpreendida" pela “audácia” de tais acusações. Manifestantes protestavam em Bagdad contra os ataques aéreos dos EUA que mataram no domingo 25 combatentes do Hezbollah no Iraque.

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O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse que o ataque contra a embaixada dos EUA foi obra de “terroristas” e designou duas pessoas que acusa de terem sido apoiadas por “aliados do Irão". “O ataque de terça-feira foi orquestrado por terroristas, Abu Mahdi al-Muhandis e Qais al-Khazali, e apoiado por aliados do Irão, Hadi al-Amari e Faleh al-Fayyad", escreveu em mensagem no Twitter o chefe da diplomacia de Washington.

“Foram todos fotografados frente à nossa embaixada”, acrescentou, ao juntar três fotografias à sua mensagem.

Em paralelo, o Pentágono anunciou o envio de 750 soldados suplementares “para a região”. Previamente, um responsável norte-americano citado pela agência noticiosa AFP admitia o envio de 500 militares suplementares dos EUA para o Kuwait, vizinho do Iraque, “muito provavelmente” para serem de seguida enviados para este país, na sequência do ataque à embaixada norte-americana em Bagdad.

A prazo “poderão ser deslocados para a região até 4.000 soldados”, precisou o mesmo responsável sob anonimato, pouco após o Presidente, Donald Trump, ter proferido uma nova ameaça contra Teerão.

Donald Trump tinha ameaçado o Irão ao referir que vai pagar um “alto preço” após milhares de manifestantes terem assaltado um setor da embaixada nos EUA em Bagdad aos gritos de “Morte à América”. “O Irão será totalmente responsabilizado pelas vidas perdidas ou os estragos nas nossas instalações. Vão pagar caro [em maiúsculas]”, preveniu o Presidente dos EUA num tweet. “Não se trata de uma advertência, é uma ameaça”, acrescentou.

Por sua vez, a diplomacia iraniana denunciou a “surpreendente audácia dos responsáveis americanos”, que “atribuem à República islâmica do Irão as manifestações do povo iraquiano contra os seus atos cruéis”.

O agravamento das persistentes tensões entre Washington e Teerão reforçou os receios de uma escalada que degenere em confrontação militar direta entre os dois países inimigos. De momento, o Iraque parece manietado pelos seus dois incómodos aliados e tornou-se no palco do seu braço de ferro.

Os Estados Unidos enviaram hoje reforços para proteger a sua embaixada em Bagdad, atacada por milhares de iraquianos pró-Irão em protesto contra os recentes e mortíferos ataques norte-americanos.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, acusou de imediato o Irão de ter “orquestrado” um “ataque” pelo qual será “plenamente responsável”, fazendo recear uma nova escalada no país, onde decorre deste há três meses uma revolta popular inédita. Trump exortou o Iraque a “proteger a embaixada” após este ataque dos manifestantes, entretanto condenado pelo Presidente iraquiano, Barham Saleh, e quando o seu secretário de Estado, Mike Pompeo, advertiu Bagdad que “os Estados Unidos vão proteger e defender os seus cidadãos”.

Segundo um elemento da força de segurança citada pela agência noticiosa AFP, um helicóptero com elementos dos Marines (corpo de fuzileiros norte-americanos) aterrou na capital iraquiana depois de o Pentágono ter anunciado o envio de "forças suplementares" para garantir a segurança da missão diplomática.

De acordo com um porta-voz da diplomacia norte-americana, não há a intenção de evacuar a embaixada.

Os manifestantes protestavam contra os ataques aéreos norte-americanos que mataram no domingo, na região ocidental do Iraque, 25 combatentes das brigadas do Hezbollah, um grupo armado xiita membro do Hachd al-Chaabi, coligação de paramilitares iraquianos dominada por fações pró-Irão.

Os Estados Unidos responderam com ataques aéreos à morte, na sexta-feira, de um subempreiteiro norte-americano, no 11.º atentado em dois meses contra instalações que acolhem militares americanos no Iraque, e que Washington atribuiu às brigadas do Hezbollah.

Combatentes e partidários do Hachd, que participavam no cortejo fúnebre dos 25 mortos, entraram hoje na designada “Zona Verde” onde se encontra a embaixada dos Estados Unidos e as instituições iraquianas, sem que as forças de segurança de Bagdad os impedissem. De seguida, invadiram a entrada onde a segurança da embaixada inspeciona os visitantes, queimaram as instalações da segurança no exterior, arrancaram as câmaras de videovigilância, apedrejaram as torres onde estavam os guardas e cobriram as janelas blindadas com bandeiras do Hachd e das brigadas do Hezbollah. Do interior do edifício, as forças de segurança norte-americanas dispararam para o ar balas reais antes de lançarem gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.

A coligação Hachd al-Chaabi alega que a investida causou 62 feridos.

Irão nega estar envolvido no ataque à embaixada

O Governo do Irão negou hoje estar envolvido no ataque contra a embaixada dos Estados Unidos da América (EUA) no Iraque, que se iniciou na terça-feira, advertindo as autoridades americanas sobre qualquer erro de cálculo e ato imprudente. Em resposta às acusações dos EUA, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irão, Abas Musaví, disse que o seu país está a ser alvo de “uma espécie de obscenidade americana e erros de cálculo repetitivos".

Abas Musaví considerou que as acusações dos EUA contra o Irão são um insulto ao povo do Iraque, segundo a agência de notícias local iraniana Mehr. "Como e de acordo a que lógica esperam que o Iraque permaneça em silêncio contra todos estes crimes!", reagiu o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irão.

O porta-voz iraniano aconselhou as autoridades americanas a não se esquecerem que os iraquianos ainda os consideram "ocupantes". Neste sentido, Abas Musaví pediu a Washington que reconsidere relativamente às políticas destrutivas na região e alertou as autoridades americanas sobre as consequências de qualquer erro de cálculo e reações imprudentes.

Já o líder supremo da República Islâmica do Irão, Ali Khamenei, "condenou veementemente a malevolência" dos EUA, referindo-se aos ataques mortais americanos, que ocorreram no domingo e atingiram uma força pró-iraniana no Iraque. "O Governo, a nação iraniana e eu condenamos veementemente a malevolência dos Estados Unidos", afirmou Ali Khamenei, numa publicação no Twitter.

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