28 nov, 2019 - 15:48 • Redação
A diferença entre os cidadãos da União Europeia (UE) que chegam e os que saem do Reino Unido, até junho de 2019, foi de 48.000 pessoas, segundo dados do Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS) divulgados esta quinta-feira.
Estes valores representam o nível de migração líquida mais baixa desde 2003, antes do último alargamento da União, com a entrada da República Checa, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia, Eslováquia e Eslovénia.
A migração líquida da UE (taxa que consiste na diferença entre o número de imigrantes e o de emigrantes) atingiu o seu pico em março de 2015, registando-se uma diferença de 219.000 cidadãos. O número tem estado em queda desde então.
Para além da incerteza política gerada pelo processo prolongado do “Brexit”, também a desvalorização da libra e a melhoria das perspetivas económicas nos países de origem da União Europeia têm contribuído para esta diminuição de imigrantes para o Reino Unido, referem os analistas.
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Apesar destas circunstâncias, os valores acompanham o contexto global de imigração na EU, que tem vindo igualmente a diminuir, passando de um pico de 305 mil em março de 2015 para 199 mil em junho deste ano.
Pelo contrário, a taxa de imigração de cidadãos não pertencentes à União Europeia tem aumentado no Reino Unido desde 2013, ao passo que a emigração se tem mantido estável.
A estimativa é que exista um saldo positivo de 229 mil cidadãos não europeus no Reino Unido, ou seja, entraram mais 229 mil cidadãos não europeus do que os que saíram.
Esta distinção tem sido considerada relevante, uma vez que a política de imigração do Governo britânico está virada para o fim da livre circulação dentro do Espaço Schengen, sob o argumento de que o país não tem controlo sobre essa parte da migração.
Contudo, o elemento migratório sobre o qual tem total controlo – de imigrantes vindos de países fora da União – continua a aumentar.
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Especialistas afirmam que os níveis relativamente baixos de migração líquida da UE significam que restringir o livre movimento de pessoas, neste momento, deverá ter um impacto muito menor nos níveis gerais de migração do que no passado. No entanto, é difícil prever com certeza, pois a migração da UE sempre variou bastante ao longo do tempo.
Citada pela imprensa internacional, Madeleine Sumption, diretora do Observatório de Migração da Universidade de Oxford, responsável por esta análise estatística, afirma que “o que acontecerá com a migração nos próximos anos é altamente incerto, independentemente do partido que estiver no poder. É fácil imaginar que as políticas de migração são as únicas coisas que afetam a migração, mas, na realidade, elas agem mais como um filtro do que como uma torneira”.
A investigadora assegura que “o estado da economia, a necessidade de trabalhadores por parte dos empregadores do Reino Unido e as condições nos países de origem [dos imigrantes] podem ter um grande impacto na migração, nalguns casos até mais do que mudanças na política. Essa é uma das razões pelas quais temos estado a assistir a uma queda tão grande na migração da UE desde 2016, apesar de a política ainda não ter mudado."
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A migração líquida geral, combinando os números para a UE e para fora da UE, foi de cerca de 212 mil, mostram estas estimativas.
O Reino Unido é membro da União Europeia desde 1973, tendo, em junho de 2016, realizado um referendo sobre a permanência na União. Nessa consulta, 51,9% dos eleitores britânicos escolheram abandonar a UE. Um dos argumentos mais utilizados pelos defensores da saída é a necessidade de o Reino Unido controlar as suas fronteiras e a imigração.
Neste momento, e após vários adiamentos da saída e chumbos do acordo com a UE no Parlamento britânico, os cidadãos do país preparam-se para legislativas antecipadas. As eleições estão marcadas para 12 de dezembro, de olhos postos no novo prazo para concretizar o Brexit, a 31 de janeiro de 2020.