20 nov, 2019 - 00:15 • Redação com Lusa
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ficou esta terça-feira sem resposta de Jeremy Corbyn quando questionou o líder trabalhista sobre se vai fazer campanha pelo 'Brexit' ou por uma permanência do Reino Unido na União Europeia (UE) se houver um novo referendo.
Num debate televisivo, o líder do partido Conservador perguntou a Corbyn se vai fazer campanha para sair ou para permanecer na UE se o partido Trabalhista conseguir negociar um novo acordo e submetê-lo a um referendo, como promete fazer no espaço de seis meses se chegar ao poder.
O principal partido da oposição quer negociar um acordo que inclua uma união aduaneira com a UE e alinhamento com o mercado único e com a legislação laboral e ambiental, o qual submeteria a uma consulta com efeito vinculativo e que teria como opção a permanência na UE.
"Acho que o que as pessoas precisam de perceber é se ele acredita no acordo que se está a propor fazer. Ele quer realmente fazer esse acordo? Porque, se ele não acredita, ou num caso absurdo, ele depois fizer campanha contra no próximo referendo, qual é o sentido de Bruxelas lhe oferecer um acordo?", questionou Boris Johnson, no debate que se realizou hoje no canal ITV.
Corbyn explicou que quer "unir as pessoas, portanto, haverá um referendo em que essa decisão será tomada pelo povo britânico", disputando, por seu lado, a garantia de Johnson de que é possível negociar um acordo de comércio livre com Bruxelas até ao final de 2020.
"Já indicou que pretende fazer um acordo de estilo Canadá, que levou pelo menos sete anos para negociar. Por isso, não vai conseguir fazê-lo em poucos meses. E sabe-o perfeitamente", vincou.
Conservadores querem vender o Serviço Nacional de Saúde, acusa Corbyn
O líder trabalhista acusou ainda Johnson de querer abrir o Sistema Nacional de Saúde (SNS) britânico a empresas privadas norte-americanas, mostrando uma série de documentos alegadamente relacionados com "negociações secretas", o que o primeiro-ministro negou.
"Acesso total para os produtos norte-americanos ao nosso Sistema Nacional de Saúde britânico. Vai vender o nosso Serviço Nacional de Saúde aos Estados Unidos e às grandes farmacêuticas", acusou Jeremy Corbyn.
Boris Johnson respondeu que as acusações são "falsas" e "não passam de uma invenção".
"Um Governo conservador, qualquer que seja a situação, vai pôr o SNS em cima da mesa de negociações bilaterais. O nosso SNS não está à venda", garantiu o primeiro-ministro.
Johnson e Corbyn responderam durante uma hora a perguntas da audiência composta por pessoas de diferentes sensibilidades sociais e políticas.
Os dois líderes foram confrontados com a falta de confiança dos britânicos nos políticos e debateram temas, como a saúde, despesa pública ou as suspeitas do envolvimento do príncipe André com menores.
A audiência também não conteve alguns risos, por exemplo quando Boris Johnson disse que a verdade "é muito importante" ou quando Jeremy Corbyn garantiu que a redução da semana de trabalho para quadro dias "será paga pelo aumento da produtividade".
Este foi o primeiro debate e frente-a-frente televisivo entre os líderes dos dois principais partidos políticos britânicos e potenciais primeiros-ministros.
Uma ação judicial dos Liberais Democratas e o Partido Nacionalista Escocês (SNP) para alargar o debate foi rejeitada.
Um outro debate a dois está previsto para 6 de dezembro, mas nem Johnson nem Corbyn aceitaram ainda um convite para um debate a três com a liberal democrata, Jo Swinson, na Sky News em 28 de novembro.