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Sob pressão para combater "fake news", Facebook contratou empresa de... "fake news"

16 nov, 2018 - 15:25

Rede social está a ser criticada e acusada de hipocrisia após revelação do "New York Times".

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Em outubro de 2017, no pico de uma crise de confiança pública no Facebook, a empresa tecnológica contratou uma firma de relações públicas conservadora que, de acordo com um ex-funcionário, incluía na sua carteira de serviços e operações uma "loja de produção de 'fake news'".

A informação foi avançada pela fonte ao canal norte-americano NBC News esta sexta-feira, dois dias depois de o "New York Times" ter publicado uma longa investigação sobre os "atrasos, desmentidos e fugas" do Facebook durante a crise de relações públicas que enfrentou.

As ligações da rede social de Mark Zuckerberg à empresa de relações públicas Definers Public Affairs (DPA) foram inicialmente denunciadas nessa reportagem, na qual o diário nova-iorquino detalha como a conservadora Definers Public Affairs interviu para "desacreditar" ativistas críticos do Facebook, "em parte ligando-os a George Soros", o multimilionário e filantropo que tem sido alvo de uma série de teorias da conspiração de direita.

A DPA gere um website chamado NTK Network, que segundo um ex-funcionário da empresa é, na prática, uma "loja de produção de 'fake news'". O site tem uma página de Facebook com mais de 122 mil seguidores onde publica e promove artigos sobre os clientes da DPA bem como artigos a criticar os concorrentes diretos desses clientes.

Segundo a mesma fonte à NBC News, alguns clientes da DPA pagavam por livre iniciativa à NTK para obter cobertura positiva; nessas situações, o site usava o Facebook para disseminar as peças na esperança de que fossem partilhadas por grandes sites conservadores como o Breitbart. Num artigo específico citado pela estação televisiva, a página da NTK é apresentada como tendo "as notícias mais recentes sem o preconceito liberal".

Face às denúncias do "New York Times", o Facebook está a enfrentar críticas e acusações de hipocrisia, pelo facto de recorrer a uma empresa que promove narrativas manipuladas mascaradas de artigos noticiosos para favorecer a sua imagem ao mesmo tempo que apaga contas falsas para combater as ditas "fake news".

Isso aconteceu inclusivamente com a página gerida pela Definers Public Affairs,que viu algumas das suas publicações políticas mais inflamatórias removidas pelo próprio Facebook por violar as políticas de publicidade da rede social.

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