09 out, 2018 - 19:00 • Tiago Palma
Putin nunca negou peremptoriamente saber a identidade dos homens suspeitos da tentativa de envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal e da filha, Yulia, em março, em Salisbury, no sudoeste de Inglaterra. No entanto, o Presidente russo negaria sempre qualquer ligação destes Serviços Secretos Militares Russos, tendo-se referido aos mesmos em setembro último como “civis”. Na última semana, Vladimir Putin voltaria ao tema, declarando Skripal “um traidor” da pátria.
Agora, e segundo o site de investigação Bellingcat, não só Putin sabe que aqueles homens que não se tratam de meros “civis”, como em 2014 condecorou, por “ato heróico”, Alexandre Yevgenïevich Michkin, um médico militar dos Serviços Secretos, de 39 anos, que é um dos suspeitos do ataque com recurso a um poderoso agente neurotóxico, o Novitchok.
A investigação no Reino Unido concluiria que a Rússia estava por detrás do ataque, mas até hoje suspeitava que Michkin se tratava de Alexandre "Petrov". O fundador do Bellingcat, Eliot Higgins, e o investigador Christo Grozev, durante uma conferência de imprensa no Parlamento britânico esta terça-feira, garantiram que “Petrov” é apenas um pseudónimo. E que Alexandre Yevgenïevich Michkin foi condecorado pelo Presidente, possivelmente devido às suas atividades na Crimeia.
Também a identidade do segundo suspeito do ataque em Salisbury contra os Skripal foi revelada em setembro pelo Bellingcat. Identificado pelas autridades britâncias com “Ruslan Boshirov”, trata-se afinal de Anatoli Tchepiga, coronel dos Serviços Secretos Militares Russos, também ele condecorado com altas distinções pelo Kremlin.