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Macron acusado de hipocrisia por ter recusado 48 mil imigrantes

30 ago, 2018 - 15:49

A acusação parte daquele que ontem apontou o Presidente francês como o seu principal adversário: Matteo Salvini, ministro do Interior italiano.

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O ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, acusa o Presidente francês, Emmanuel Macron, de querer dar lições de solidariedade a Itália quando, na verdade, recusou a entrada a 48.000 imigrantes no seu país.

“Desde o início de 2017 até hoje, a França do bom Macron recusou mais de 48.000 imigrantes na fronteira com Itália, incluindo mulheres e crianças”, criticou Salvini nas redes sociais, esta quinta-feira.

“É esta a Europa solidária e que acolhe de que fala Macron e os benfeitores? Antes de dar lições aos outros, convidaria o hipócrita Presidente francês a reabrir as suas fronteiras e acolher os milhares de refugiados que prometeu receber”, desafiou.



Segundo um documento enviado por fontes do Ministério italiano do Interior, desde o início do ano foram recusados na fronteira 6.561 imigrantes com documentos de residência válidos em Itália e outros 10.915 estrangeiros sem documentos.

Várias organizações humanitárias têm denunciado, em várias ocasiões, as “múltiplas violações de direitos” que sofrem os imigrantes na fronteira de Ventimiglia, em Itália, ao serem recusados pelas autoridades francesas.

Inimigo? Macron responde

O Presidente francês já respondeu às declarações do primeiro-ministro húngaro, que na quarta-feira apontou Macron como o seu principal inimigo.

“Neste momento, na União Europeia, há dois blocos: um liderado por Macron, que é o chefe dos partidos que apoiam a imigração, e do outro lado estamos nós, que queremos travar a imigração ilegal”, disse Orban numa conferência de imprensa conjunta realizada após um encontro com o italiano Matteo Salvini.

Macron responde que os dois líderes europeus “têm razão” ao considerá-lo o seu “principal opositor” na Europa em matéria de migração.

No Twitter, o Presidente francês concorda que há “duas visões europeias que se opõem” e aponta o dedo àqueles que “querem fraturar a Europa e a sua solidariedade”.



Na mesma rede social, Emmanuel Macron defende que o papel dos progressistas é “fazer da Europa uma união política que proteja os seus cidadãos”.

“É nisto que creio desde o primeiro dia”, garante, acrescentando num tweet posterior que “a exigência que se nos coloca, aos progressistas europeus, é conseguir entender os medos [dos estrangeiros] e levar-lhe uma resposta humana e eficaz”.



Os europeus não querem imigração, diz ministro húngaro

O chefe da diplomacia húngara, Péter Szijjártó, defendeu, esta quinta-feira, que a linha dura em matérias relacionadas com as migrações, adotada atualmente pelos governos da Hungria e de Itália, vai ao encontro da opinião da maioria dos europeus.

Num comunicado, Péter Szijjártó referiu que tanto o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, como o vice-primeiro-ministro e ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, “representam a opinião dos europeus, que também não querem a imigração”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro reagia assim às críticas lançadas por vários membros do Governo da Suécia contra as duras políticas migratórias adotadas por Budapeste.

Uma das vozes críticas foi a ministra para a Imigração sueca, Heléne Fritzon, que recordou que a Suécia acolheu, em 1956, milhares de húngaros que fugiram da repressão do regime soviético.

Nas mesmas declarações, a ministra sueca denunciou a atitude negativa que a Hungria tem assumido perante a crise migratória e o drama dos refugiados.

Na resposta, o chefe da diplomacia húngara afirmou que “quem compara a migração húngara de 1956 com os imigrantes ilegais está a fazer uma deturpação da História”.

Péter Szijjártó defendeu que os húngaros que fugiram em 1956 esperaram o acolhimento de um país, respeitando as leis, ao passo que agora "os imigrantes ilegais atravessam países seguros, sem respeitar as leis e representam um perigo para a segurança” desses mesmos países.

Em 1956, a revolta anti-soviética na Hungria levou a que cerca de 200.000 pessoas abandonassem o país. A insurreição contra o regime soviético, com o desejo de uma democratização do país, iniciou-se a 23 de outubro de 1956 com uma manifestação de estudantes e foi esmagada a 4 de novembro pelos tanques enviados por Moscovo.

A repressão causou 2.800 mortos e 12.000 feridos nas fileiras húngaras e levou à fuga para o Ocidente de milhares de húngaros.

Este êxodo é considerado pelas Nações Unidas como uma das primeiras deslocações em massa de refugiados.

No seguimento das críticas suecas, o Ministério dos Negócios Estrangeiros húngaro convocou o embaixador da Suécia em Budapeste.

O representante diplomático de Estocolmo afirmou recentemente que esperava que a Hungria fosse condenada por ter aprovado uma legislação que restringe o trabalho das organizações não-governamentais (ONG) e que penaliza quem prestar auxílio a refugiados em situação irregular.

A par da Hungria, a atual coligação governamental italiana, que tomou posse no passado dia 1 de junho e que integra o partido de extrema-direita nacionalista Liga e o Movimento 5 Estrelas (M5S, populista), também tem adotado uma linha política anti-migrações.

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