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Pais de Alfie Evans agradecem apoio e pedem privacidade

26 abr, 2018 - 19:31 • Filipe d'Avillez

Num comunicado, Tom Evans e Kate James dizem que pretendem, agora, tentar reparar a relação com o hospital e, em conjunto, encontrar uma solução que confira dignidade e conforto ao seu filho.

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Os pais de Alfie Evans, o menino de 23 meses que tem estado no centro de uma polémica médica e judicial envolvendo o hospital Alder Hey, em Liverpool, Reino Unido, agradecem o apoio que a sociedade civil e a comunidade internacional têm dado à sua causa, mas pedem agora que lhes seja dada privacidade para poder acordar com o hospital o melhor percurso a seguir.

Alfie Evans sofre de uma condição degenerativa que o deixou num estado semivegetativo. O hospital quis desligar o suporte de vida, mas os pais recusaram. Perante o choque de interesses o caso foi parar ao tribunal, com o juiz a dar razão aos médicos.

Os pais não desistiram, porém, e foram reunindo o apoio de milhares de pessoas, incluindo eventualmente o Papa Francisco, que comentou o assunto publicamente três vezes e recebeu Tom Evans no Vaticano.

O caso esteve prestes a tornar-se um incidente diplomático quando Itália concedeu cidadania ao menino para tentar convencer o tribunal a deixá-lo ser transferido para o hospital Bambino Gesù, em Roma.

Na passada segunda-feira foi finalmente cumprida a ordem de retirada do ventilador que ajudava Alfie a respirar. Contra as expetativas, contudo, o menino continuou a respirar sozinho e continua a fazê-lo passados três dias. Entretanto, perante a situação, o hospital voltou a hidratar e a oxigenar o bebé, através de uma máscara e sem entubação.

Na terça-feira o juiz aceitou ouvir novamente as partes em disputa e, tendo recusado a transferência para Itália, perguntou ao hospital se não seria possível encontrar uma solução que passasse por deixar Alfie ir para casa com os seus pais. Mas o médico que esteve em tribunal respondeu que as relações entre médicos e pais se tinham deteriorado a tal ponto que seria necessário uma “mudança de maré” na posição dos pais para que isso pudesse ser considerado.

O comentário tem merecido fortes críticas por parte de comentadores, e apontado como exemplo de arrogância médica e atropelo dos direitos paternais.

No comunicado emitido esta quinta-feira à tarde, a que a Renascença teve acesso, os pais de Alfie começam por agradecer o apoio todo que têm recebido, mas pedem que agora as pessoas respeitem a sua privacidade.

“Estamos muito agradecidos e apreciamos todo o apoio que temos recebido de todo o mundo, incluindo dos nossos amigos italianos e polacos, que dedicaram o seu tempo e apoio à nossa luta. Agora, pedimos que regressem às vossas vidas e que permitam que nós e o hospital Alder Hey formamos uma relação, que construamos uma ponte e a atravessamos”, lê-se.

Tom e Kate agradecem também ao hospital “pela dignidade e o profissionalismo demonstrados durante o que deve ter sido também um momento extremamente difícil para eles também. Juntos, reconhecemos as tensões que os últimos eventos têm provocado e agora pedimos privacidade para todos os envolvidos”.

Com os interesses de Alfie em mente, explica o comunicado, “vamos trabalhar com a sua equipa de cuidadores para fornecer ao nosso menino a dignidade e o conforto de que precisa”.

O comunicado termina dizendo que não serão dadas mais entrevistas nem publicadas mais declarações sobre o assunto.

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