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Manuscritos de Sade e Breton considerados tesouros nacionais para não saírem de França

20 dez, 2017 - 12:04

O Estado francês conseguiu impedir a ida a leilão de manuscritos do Marquês de Sade e de André Breton, atribuindo-lhes o estatuto de tesouro nacional.

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Os manuscritos de "120 Dias de Sodoma", do Marquês de Sade, e dos "Manifestos do Surrealismo", de André Breton, foram classificados como tesouros nacionais, para impedir a sua saída da França.

Os textos, que estavam integrados num lote de documentos históricos pertencentes ao fundo de investimentos Aristophil, deixam, assim, de poder ir ao leilão organizado pela leiloeira Claude Aguttes, que está agendado para esta quarta-feira.

Esta decisão poderá significar a retirada de venda do rolo do manuscrito assinado por Sade, estimado entre quatro e seis milhões de euros e escrito durante a sua prisão na Bastilha, e do conjunto de manuscritos de André Breton, que inclui os dois Manifestos do Surrealismo, estimados em cerca de quatro milhões de euros.

A retirada desses lotes de Sade e de Breton (cinco no total) deverá ser autorizada pelo administrador da liquidação da Aristophil. A casa de leilões Aguttes poderá, então, entrar em negociações com o Estado francês. Segundo Claude Aguttes, o Ministério da Cultura "propôs uma negociação de comum acordo para a aquisição dessas obras ao preço do mercado internacional."

Fraude com manuscritos famosos

A Aguttes foi mandatada pelo Tribunal de Grande Instância de Paris para organizar a venda das 130 mil peças apreendidas do fundo de investimento Aristophil, uma empresa suspeita de ter enganado os seus investidores com o negócio da compra de famosos manuscritos. O leilão desta quarta-feira é o primeiro de 300 previstos em seis anos para dispersar o fundo Aristophil.

Dezoito mil investidores, a quem a Aristophil propôs investir em manuscritos de prestígio, esperam que este seja um começo de compensação, enquanto os processos criminais e civis decorrem. Hoje, deverá também ser leiloado um dos únicos manuscritos de Honoré de Balzac ainda em mãos privadas, "Ursule Mirouët" (1841), estimado entre 800 mil e 1,2 milhões de euros.

Outras peças incluídas no lote são a "História de Alexandre o Grande", de Quinto Cúrcio Rufo, ou a história manuscrita de Helen Churchill Candee, sobrevivente do Titanic e uma das fontes de inspiração de James Cameron.

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