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Nobel da Paz para coligação que luta pela abolição das armas nucleares

06 out, 2017 - 10:00

A luta antinuclear é a vencedora deste ano. Resta saber o nome do Nobel da Economia, que será divulgado na segunda-feira.

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Luta contra armas nucleares dá direito a Nobel da Paz
Luta contra armas nucleares dá direito a Nobel da Paz

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O Comité Nobel norueguês decidiu atribuir o prémio da Paz deste ano à Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (ICAN).

“Vivemos num mundo onde o risco de as armas nucleares serem utilizadas é mais elevado do que nunca. Alguns países modernizaram os respectivos arsenais nucleares e o perigo de mais países procurarem tê-los é real, como é o caso da Coreia do Norte”, disse a presidente do Comité Nobel norueguês.

Berit Reiss-Andersen apelou, por isso, às potências nucleares para que encetem “negociações sérias” para eliminar todas as armas atómicas.

A atribuição do Nobel à ICAN pretende, assim, impulsionar o esforço de desarmamento numa altura em que a tensão entre norte-americanos e norte-coreanos assume contornos de Guerra Fria e o destino do acordo feito em 2005 para a delimitação do programa nuclear iraniano é incerto.

A directora da ICAN afirmou que a distinção é uma crítica. “Envia uma mensagem a todos os Estados com armamento nuclear e todos os Estados que continuam a contar com as armas nucleares para a sua segurança de que esse é um comportamento inaceitável”, disse Beatrice Fihn.

“Não podemos ameaçar com o massacre indiscriminado de centenas de milhares de civis em nome da segurança. Não é assim que se constrói a segurança”, acrescentou.

Fihn disse que a distinção é “uma grande honra” e apelou aos países para que “proíbam agora” as armas atómicas.

“Este é um momento de grande tensão no mundo, uma altura em que declarações inflamadas podem levar-nos muito facilmente, inexoravelmente, para um horror inominável. O espectro de um conflito nuclear volta a pairar”, afirmou em comunicado.

“Se houvesse um momento em que as nações devem declarar a sua oposição inequívoca às armas nucleares, esse momento é agora”, acrescentou.

Em Julho, 122 países adoptaram o Tratado das Nações Unidas para a Proibição de Armas Nucleares, mas os Estados que as detêm – como os Estados Unidos, a Rússia, a China, o Reino Unido e a França (quatro dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU) – ficaram de fora das conversações.

A ICAN – que se autodescreve como uma coligação de grupos não-governamentais – está presente em mais de 100 países. Começou na Austrália, mas foi oficialmente lançada em Viena (Áustria), em 2007.

Entre os nomes considerados, além da ICAN, estavam ainda os protagonistas do acordo sobre o nuclear iraniano: o ex-secretário de Estado norte-americano John Kerry e os chefes da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif, e europeia, Federica Mogherini.

O prémio tem o valor monetário de nove milhões de coroas suecas (cerca de 933 mil euros).

Até agora já se conhecem os vencedores do Nobel da Medicina (atribuído a Jeffrey C. Hall, Miichael Rosbash e Michael W. Young pelas suas descobertas no âmbito do “relógio biológico”), da Física (atribuído a Rainer Weiss, Barry Barish e Kip Thorne, pela sua “decisiva contribuição” na investigação de ondas gravitacionais), da Química (aos cientistas Jacques Dubochet, Joachim Frank e Richard Henderson pelo método crio-microscopia electrónica a partir do qual é possível imobilizar e observar melhor as biomoléculas) e o da Literatura (a Kazuo Ishiguro, por "ter revelado o abismo da nossa ilusória sensação de conforto em relação ao mundo").

Na segunda-feira, será anunciado o vencedor do Prémio Nobel da Economia, o único que falta.

Em 2016, o prémio Nobel da Paz foi atribuído ao Presidente colombiano, Juan Manuel Santos, pelos seus esforços na restauração da paz no país.

A decisão do Comité Nobel norueguês incide sobre nomes propostos até 31 de Janeiro, podendo os seus cinco elementos acrescentar nomeações.

Qualquer pessoa pode ser nomeada, mas as nomeações só podem ser feitas por membros de governos em funções, deputados e chefes de Estado, do Tribunal Internacional de Justiça de Haia e do Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia e do Instituto de Direito Internacional.

Também o podem fazer professores universitários das áreas de humanidades e de teologia e religião, reitores e directores de universidades, directores de institutos de estudos para a paz e de política internacional, laureados com o Nobel da Paz, responsáveis de organizações distinguidas com o Nobel da Paz, actuais e antigos membros do Comité Nobel norueguês e ex-conselheiros desta entidade.

Até hoje, apenas 16 mulheres foram distinguidas com o Nobel da Paz.

A entrega do prémio realiza-se a 10 de Dezembro em Oslo.

Comentários
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  • José Matos Oliveira
    08 nov, 2017 Leiria 22:28
    Obrigado pela atenção
  • Zé das Coves
    06 out, 2017 Alverca 12:13
    Um dos países considerado bom EUA foi o único que as utilizou ! e não vão entrar nesta discussão, como já o fizeram no ambiente !!!

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