26 set, 2017 - 11:27
O Presidente da Turquia ameaça o Curdistão iraquiano com fome, pobreza e guerra e acusa o seu líder de traição por ter realizado o referendo sobre a independência na segunda-feira, dia 25 de Setembro.
Num discurso inflamado feito esta terça-feira no palácio presidencial, Erdogan disparou ameaças ao Curdistão iraquiano.
Segundo o Presidente turco os curdos do Iraque passarão fome “quando os camiões deixarem de entrar” na região a partir da Turquia e o país ficará “nas lonas” quando Ancara “fechar as torneiras” dos oleodutos e gasodutos que permitem exportar os recursos naturais do Curdistão.
Erdogan diz que não esperava que Masoud Barzani, o presidente do Curdistão, realizasse mesmo o referendo apesar da oposição de todos os países vizinhos, e acusa-o de traição. A Turquia era, até à altura em que o referendo foi anunciado, um sólido aliado do Curdistão iraquiano enquanto o Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK), que há trinta anos combate o regime turco, estava de costas voltadas para o Governo curdo no Iraque. Mas Erdogan teme que a independência do Curdistão destabilize a região e alimente as pretensões independentistas do PKK, levando-o a condenar veementemente o referendo como uma ameaça à segurança interna da Turquia.
A consulta popular realizou-se de forma tranquila na segunda-feira e embora os resultados só sejam conhecidos para para o fim da semana espera-se uma vitória clara do “sim” à independência. Barzani diz que a decisão não será vinculativa, mas tem por objectivo legitimar futuras conversações nesse sentido para a secessão do Iraque. Bagdad já disse, esta terça-feira, que recusa quaisquer negociações com base no referendo “inconstitucional”.
Erdogan, por sua vez, diz que todas as opções estão em cima da mesa para impedir qualquer movimento nesse sentido, desde sanções a operações militares terrestres ou aéreas.
Esta terça-feira, e depois de no final da passada semana a Turquia ter realizado treinos militares junto à fronteira com o Curdistão, Ancara anunciou a realização de novos treinos, mas desta vez em conjunto com o exército iraquiano, leal a Bagdad. Os curdos têm as suas próprias forças armadas, conhecidas como peshmerga, ou “aqueles que enfrentam a morte”, que ganharam fama internacional nos últimos anos por terem sido os únicos a conseguir fazer frente aos terroristas do Estado Islâmico quando estes desbarataram o exército iraquiano em 2014, ocupando Mossul e avançando até às portas do Curdistão.
Nas principais cidades do Curdistão os cidadãos, indiferentes às ameaças internacionais, festejaram a realização do referendo, agitando bandeiras daquele que esperam vir a ser, em breve, o mais novo país do mundo.