06 jun, 2017 - 14:03
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou, na segunda-feira, a detenção de uma funcionária da Agência de Segurança norte-americana (NSA) por alegadamente ser a autora da fuga de informação que mostra que "hackers" russos tentaram interferir na eleição norte-americana que elegeu Donald Trump.
Reality Winner, uma jovem de 25 anos que trabalhava como consultora externa para a NSA, terá removido material secreto de computadores do governo norte-americano e enviado para os jornalistas do site de jornalismo de investigação "The Intercept" – um projecto do jornalista Gleen Greenwald, a quem Snowden confiou os documentos da mesma agência, em 2013.
Ainda que o documento não conclua se as acções dos piratas informáticos foram bem-sucedidas, o "The Intercept" avança que os serviços secretos russos tentaram lançar um ataque informático a pelo menos um fornecedor de software de máquinas de voto electrónico, bem como um ataque de phishing – processo pelo qual se tenta roubar credenciais de acesso usando uma página em semelhante à original – a 112 responsáveis pelo processo eleitoral.
O documento, publicado no jornal na íntegra, e que dois responsáveis que não quiseram ser identificados disseram à agência Reuters ser autêntico, é citado numa investigação publicada na segunda-feira, que acrescenta novos pormenores sobre as tentativas de interferência do Kremlin nas eleições norte-americanas que fala de uma tentativa de penetração no sistema de registo de votos.
As acusações contra Reality Winner surgiram uma hora depois do site ter publicado o artigo em questão. Pelo que se pode ler no mandato, divulgada pelo jornal "The New York Times", Reality Winner é acusada de “imprimir e remover” documentos no dia 5 de maio que só podiam ser desclassificados e acedidos pelo público em 2042.
Uma investigação interna dentro da NSA revelou que Reality Winner foi uma das seis pessoas que imprimiram o documento. Uma análise à conta pessoal de e-mail de Winner terá revelado que esta era a única das seis pessoas com acesso ao documento que tinha na sua lista de contatcos o e-mail do jornal. Vivian Siu, directora de comunicação do "The Intercept" já veio a público defender Winner e alegar que "o documento foi obtido de forma anónima".
A fonte de informação será agora julgada mediante o Espionage Act e poderá enfrentar 10 anos de prisão por ter divulgado documentos confidenciais. À CNN, o advogado de Reality Winner diz não ter visto qualquer prova que mostre a existência de uma relação entre a sua cliente e os repórteres. “Ela foi só apanhada no meio de algo maior do que ela”, disse à mesma estação de televisão Titus Nichols.
Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, já saiu em defesa da jovem norte-americana.
Este é o primeiro caso de fugas de informação com que a administração Trump tem de lidar, num momento em o Presidente está debaixo de fogo depois de ter despedido o director do FBI, James Comey, que investigava uma eventual ligação entre Moscovo e a campanha do actual Presidente.
Donald Trump tem reagido à alegada intervenção do Kremlin para influenciar as eleições de 2016 dizendo que são "notícias falsas".