04 abr, 2016 - 06:45
Partiram esta segunda-feira da ilha grega de Lesbos dois barcos de passageiros com 202 migrantes a bordo, segundo o jornal grego "Ekathimerini". Estão a ser devolvidos à Turquia no âmbito do acordo com a União Europeia.
A maioria dos migrantes levados para a Turquia provinham do Paquistão e do Bangladesh, de acordo com a porta-voz da Frontex - agência europeia de gestão de fronteiras. Cada migrante foi acompanhado por um agente da Frontex à paisana.
O primeiro grupo a ser reenviado para a Turquia ao abrigo do acordo com a UE, assinado a 18 de Março, será composto por 500 migrantes que estão actualmente em território grego, segundo fontes comunitárias.
A Turquia, que acolheu 2,7 milhões de refugiados sírios desde o início do conflito em 2011, tornou-se o ponto de partida de numerosos destes refugiados, mas também iraquianos, afegãos ou eritreus que pretendem alcançar as fronteiras da UE.
Na sexta-feira, Amnistia Internacional (AI) acusou as autoridades turcas de forçarem diariamente o regresso de refugiados sírios ao seu país, assolado pela guerra, ao denunciar os efeitos perversos do acordo sobre os migrantes entre Bruxelas e Ancara.
Ao basear-se em informações recolhidas nas províncias fronteiriças do sul da Turquia, a organização de defesa dos direitos humanos afirmou que a polícia turca reagrupa e expulsa cerca de uma centena de sírios "quase diariamente desde meados de Janeiro".
A Turquia tem desmentido firmemente ter forçado os sírios a regressarem ao seu país, insistindo na manutenção da sua política de "porta aberta".
Deportações e contrapartidas
O acordo prevê o reenvio para a Turquia de todos os migrantes que cheguem à Grécia a partir de 20 de Março, incluindo os requerentes de asilo sírios, com a contrapartida da "reinstalação" na UE, proveniente de território turco, de um sírio por cada compatriota reenviado, num limite máximo de 72.000 lugares.
Assim, um primeiro grupo de sírios provenientes da Turquia é esperado esta segunda-feira na Alemanha. "De início são algumas dezenas, sobretudo famílias com crianças", esclareceu o porta-voz do ministério do Interior alemão.
A chanceler alemã Angela Merkel é considerada a grande inspiradora deste controverso acordo, muito criticado por diversos ONG e pelo Alto comissariado para os refugiados (HCR) da ONU.
Em troca da cooperação da Turquia para travar a actual vaga migratória, os líderes da UE concordaram em acelerar a liberalização dos vistos para os visitantes turcos, relançar as negociações de adesão e duplicar, para um total de seis mil milhões de euros, a ajuda que será concedida à Turquia até 2018, para melhorar as condições de vida dos milhões de sírios já refugiados naquele país.