15 mar, 2016 - 12:53
Chipre pode ser o maior entrave a um acordo dos 28 sobre os refugiados, na cimeira europeia marcada para quinta-feira, em Bruxelas.
O Governo cipriota opõe-se à reabertura de negociações de adesão com a Turquia, bem como à possibilidade de a União Europeia lhe dar uma ajuda de três mil milhões de euros, para ajudar a enfrentar o fluxo diário de milhares de refugiados às suas fronteiras.
A animosidade entre a Turquia e o Chipre tem a ver com a rivalidade histórica entre turcos e gregos. Em Chipre viviam turcos e gregos, sob administração britânica até 1960, quando a ilha se tornou independente. Nacionalistas gregos e turcos reivindicavam a integração de parte ou totalidade da ilha nos seus respectivos países, e quando a facção grega levou a cabo um golpe de Estado, em 1974 a Turquia invadiu a parte norte da ilha, onde vivia a maioria da população turca.
Seguiu-se uma transferência de populações, com turcos a procurar refúgio na zona ocupada pela Turquia e os gregos a migrar no sentido contrário. O norte declarou a sua independência em 1983, que apenas é reconhecida pela Turquia, enquanto o resto da comunidade internacional considera que se trata de território ocupado.
Em 2004 Chipre tornou-se membro da União Europeia e desde essa altura tem usado a sua influência para evitar qualquer abertura à Turquia, enquanto a situação no norte da ilha não se resolve.
Os processos de adesão à União Europeia avançam com base em consenso dos membros, pelo que basta o Chipre opor-se e as negociações não poderão avançar, pondo em causa a assistência a Ancara para manter os refugiados no seu território.
Esta terça-feira Donald Tusk, que é presidente do Conselho Europeu, viaja para Nicósia, no Chipre, para tentar desbloquear a situação.