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Árbitro João Capela pede "serenidade, estabilidade" e diz que “falta agir no futebol português"

03 jun, 2019 - 17:00

Apelo foi deixado pelo árbitro internacional da I Conferência Bola Branca. Luciano Gonçalves, da APAF, pede castigos mais pesados para quem atacar a arbitragem.

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O que falta ao futebol português é agir para resolver os problemas que já estão identificados e "serenidade e tranquilidade" na arbitragem, defendeu o árbitro internacional João Capela na I Conferência Bola Branca. Luciano Gonçalves, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), pede mão pesada para quem criticar os árbitros.

“Em termos de mudança, acho que a arbitragem neste momento precisa de serenidade, de estabilidade e de tempo para se adaptar a esta nova realidade. Acho que o que falta ao futebol português é agir sobre aquilo que já está feito”, afirma João Capela, num painel com Duarte Gomes, ex-árbitro e Luciano Gonçalves, presidente da APAF, moderado pelo jornalista Carlos Dias.

O árbitro diz que é preciso encontrar uma saída para a “rotunda” da discussão em torno dos problemas do futebol nacional e, para isso, é necessária uma “nova abordagem”.

“Essa abordagem eu acho que tem de ser uma abordagem comportamental. Existem já estratégias comportamentais tão bem definidas. A ética é uma coisa, às vezes, que temos alguma dificuldade em defini-la. A ética é perceber que com a minha ação não posso prejudicar os outros e os outros. Se todos nos pautarmos por este comportamento vamos valorizar o futebol”, sublinha.

João Capela refere que a arbitragem tem feito grandes avanços nos últimos anos, nomeadamente a profissionalização e a introdução do vídeo-árbitro (VAR).

O árbitro lamenta que o "avanço tecnológico não foi acompanhado com um avanço comportamental".

APAF defende castigos mais pesados

Luciano Gonçalves, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), considera que o que “falta no futebol português é respeito”.

“Nós não temos respeito por nós próprios. Nós não estamos a ter respeito pelas pessoas que consomem esta paixão que é o futebol. Isto está a ultrapassar o futebol, o desporto, é um problema da sociedade e o futebol, movimentando tantas massas, temos de fazer aquilo que o João disse: já sabemos o que está mal no futebol português, mas falta-nos agir e nós não estamos a saber agir”, sublinha Luciano Gonçalves.

O presidente da APAF lamenta o "clima de suspeição", com árbitros, jogadores e treinadores, e conta que ainda no último fim de semana um pai agrediu um árbitro durante um jogo das camadas jovens. Foi o 38.º caso desde o início do ano.

Luciano Gonçalves pede, por isso, castigos mais pesados para quem critica a arbitragem, como jogos à porta fechada ou perda de pontos: "tudo o que seja feito para penalizar o que destrói o nosso futebol é positivo".

"Isto tem poucas condições para melhorar a curto prazo”

Outro dos elementos deste painel, Duarte Gomes defendeu que a “arbitragem nos últimos anos evoluiu muito” e “está quase num regime de profissionalismo ótimo, para lá caminha”.

O antigo árbitro considera que a arbitragem é motivo de “ruído, conversa e de suspeita desde sempre”, mas “agora há mais meios para haver mais terrorismo nessa comunicação”.

Duarte Gomes mostra-se pessimista em relação ao futuro: “este ruído continua. Esta vontade de mostrar que a arbitragem é o parente pobre do futebol existe desde sempre. Eu não sou hipócrita: eu acho que isto tem poucas condições para melhorar a curto prazo”.

O debate terminou com o árbitro João Capela a mostrar o cartão branco ao jornalista Carlos Dias, em sinal de "fair play".

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