28 mai, 2019 - 12:50 • Sílvio Vieira
Luís Pedro, o jogador no ativo com mais jogos na II Liga, recorda a passagem de Bruno Lage e das jovens promessas do Benfica pela equipa B, no segundo escalão, onde deram os primeiros passos até chegar à equipa principal. Em entrevista a Bola Branca, o defesa-central do Penafiel considera que o ressurgimento das equipas B aumentou o nível competitivo e promoveu a afirmação de muitos jovens que brilharam na caminhada das águias até ao título.
Os miúdos campeões nacionais evoluíram na II Liga e Luís Pedro cruzou-se com todos. Testemunhou, por exemplo, a estreia de João Félix nos escalões profissionais, num jogo em Freamunde. Foi em setembro de 2016, Félix tinha 17 anos e já não enganava.
"Já se notava, só tinha 17 anos e via-se que tinha mais qualquer coisa do que os outros. E viu-se este ano, pela época que fez, e espero que tenha sucesso, para o sucesso do nosso futebol", explica.
Esta época, pelo Penafiel, defrontou Ferro e Florentino, ainda com Bruno Lage na equipa B, pouco tempo antes do treinador ser promovido e de promover os jogadores. O Penafiel acabou por vencer o jogo, mas Luís Pedro recorda que foi a equipa mais difícil de contrariar, com destaque para a influência de Lage.
"Foi a melhor equipa que tínhamos defrontado até à altura. Os miúdos têm mesmo muita qualidade, via-se muita qualidade, e notava-se o dedo do treinador. O Romeu jogou no Benfica, tinha conhecimento, e todos falavam muito bem do Bruno Lage. E já se sabia que iria ter sucesso, se tivesse oportunidade. Quem tem qualidade, mais cedo ou mais tarde, ela aparece, e essa fornada que o Benfica, e bem, tem apostado, tem o maior fruto o facto de ter sido campeão com muitos deles a serem preponderantes", analisa.
Futuro dos centrais na seleção aprovados
Foi nesse contexto de II Liga que cresceram jogadores que agora têm espaço na seleção portuguesa, como são os casos de Rúben Dias e João Félix, chamados por Fernando Santos para a fase final da Liga das Nações. Rúben Dias é um dos centrais de uma nova fornada que, na opinião de Luís Pedro, dá todas as garantias de qualidade para um futuro a longo prazo.
O central lembra que a sua geração também tinha qualidade, que não terá sido bem aproveitada, mas ressalva que, na sua opinião, nunca houve crise na posição, como se comentava após o Euro 2016.
"Nunca houve crise de centrais. Por vezes, há essa ideia, e as pessoas vão atrás. Na minha geração, tínhamos o Bura, André Pinto, Luís Neto e o Fábio Faria, que teve aquela infelicidade. Penso que eramos centrais com qualidade, a aposta é que não foi muito forte. Agora temos o Rúben Dias, e o Ferro, que acho que é um grande central, com capacidade para sair a jogar, o Jorge Fernandes, que está emprestado pelo FC Porto ao Tondela, e o Diogo Leite. Temos o futuro reservado para ter centrais de excelência. É dar oportunidade e confiança para evoluirem, e se assim for, estaremos bem servidos de centrais, como sempre estivemos", remata
Perseguir o recorde ou estrear-se na I Liga?
Ao cabo de 12 temporadas consecutivas na II Liga, Luís é o jogador no ativo com mais jogos disputados no segundo escalão, com 317 jogos. Luís Pedro poderá ainda contar outra história. O central está a 41 jogos de igualar Ricardo Pessoa, já retirado, mas detentor do recorde de jogador com mais partidas realizadas na II Liga
É um desafio para Luís Pedro que o deixa no meio de um conflito de interesses. Por um lado, gostaria de bater essa marca. Por outro, espera ainda ter a oportunidade que nunca teve na I Liga.
"Sempre tive o objetivo de chegar à I Liga, e enquanto continuar a jogar tenho de acreditar sempre. Ainda não tive a oportunidade, mas também não me lamento, porque lamentar não resolve nada. É esperar para ver o que o futuro reserva. Se for na I Liga, muito bem. Se não for, continuar a ser o mesmo e a dar o máximo pelo clube que representar", adiciona.