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João Patrocínio

"O Chega é uma cópia muito rasca do PNR"

23 mai, 2019 - 18:31 • Eunice Lourenço

Partido Nacional Renovador espera que movimentos nacionalistas ocupem um terço do Parlamento Europeu e quer "fazer parte dessa mudança".

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João Patrocínio já foi candidato do Partido Nacional Renovador (PNR) a Almada. Agora, é o cabeça de lista do partido às eleições europeias. Em entrevista à Renascença, defende a reversão das políticas migratórias e ataca André Ventura, líder do Chega, que integra a coligação Basta.

Qual a principal mensagem que o PNR quer deixar nestas eleições europeias?

Queremos deixar uma mensagem de esperança e confiança aos portugueses. Queremos que os portugueses se identifiquem com o programa do Partido Nacional Renovador e que seja esse o veículo para fazer valer a nossa voz como portugueses no Parlamento Europeu.

Quando fala na identificação com o PNR, a nível europeu são contra esta União Europeia, mas não são contra qualquer União?

Somos contra esta UE, conforme está, porque sempre dissemos que tende para um federalismo. Somos a favor de uma União Europeia de pátrias livres e soberanas, em que a lei de cada país se sobreponha a qualquer lei da UE e que qualquer país que esteja dentro dessa União Europeia que queremos mudar por dentro - porque por fora não se consegue fazer nada - seja soberano, para dizer se quer estar ou não, como acontece agora com o Reino Unido.

Que está a perceber como é difícil sair...

A questão é mesmo essa. A chantagem e a pressão são de tal maneira que são prova do que dizemos: não serve assim! Os ingleses escolheram e se o povo escolheu tem de ser soberano. Os poderes instalados das elites europeias não deixam os povos escolher. Somos claramente contra esta castração das vontades do povo.

Um dos grandes problemas que a União Europeia tem enfrentado tem sido o problema das migrações e dos refugiados. Como é que vê a maneira como a UE tem lidado com isso?

Estas elites que, no fundo, não foram escolhidas têm feito o pior que se pode fazer em relação a esta questão das migrações. Queremos reverter estes fluxos migratórios, não podemos continuar a aceitar toda e qualquer pessoa...

E como é que se reverte?

Não podemos esquecer nunca os direitos humanos, mas temos claramente de distinguir e temos de saber quem eles são. Não é um fechar fronteiras, queremos um controlo de fronteiras. Em nossa casa entra quem nós queremos. Não acredito que qualquer pessoa não queria voltar para o seu país, portanto devemos ajudar esses países de origem a ter as condições para fixar essas pessoas.

O PNR é um partido nacionalista. Tem-se falado muito no crescimento dos nacionalismos na Europa. Acha que esse crescimento de sentimentos nacionalistas vos vai ajudar eleitoralmente?

Sofremos um boicote brutal. Nestas eleições, como em nenhuma outra, sentimos o boicote ao PNR e às suas ideias. Acho que vai haver uma mudança neste Parlamento Europeu; tudo indica que um terço daquele Parlamento vai ser constituído por movimentos nacionalistas identitários, movimentos que querem que o povo seja ouvido, e nós também queremos fazer parte dessa mudança.

E como vê a concorrência de outras forças políticas que têm surgido, como o partido Chega, que se apresenta a estas eleições na coligação Basta e que parece estar a concorrer no vosso campo ideológico?

Aí está a prova de que esta questão dos nacionalismos na Europa está a dar que falar e é uma onda que surge de um alerta que as pessoas querem dar. O Chega é um oportunismo, porque a mensagem do Chega é copiada do PNR, é uma cópia descarada mesmo do programa do PNR. Ao mesmo tempo, vê-se que o seu líder não acredita naquilo que tem, é um homem do sistema, que se rodeia de pessoas do sistema e que quer fingir que está fora do sistema. É uma cópia rasca, muito rasca do PNR.

Uma das vossas propostas é a renegociação dos fundos europeus. Que renegociação seria essa e em que sentido?

Em primeiro lugar, teríamos de aproveitar melhor estes fundos europeus, o que nos daria uma força diferente em termos de produção nacional e fazer crescer o nosso tecido empresarial, para que o país esteja preparado para o que venha a acontecer na UE. Não sabemos o que vai acontecer em 2024, não sabemos se esta União Europeia tal como está vai continuar, e não queremos que estes fundos sejam usados para financiar organizações com agendas mais ou menos obscuras.

Como por exemplo?

Organizações que promovem esta invasão que estamos a ver na Europa, que querem trazer todas e quaisquer pessoas, promover agendas LGBTI. Não somos contra o indivíduo em si, somos contra esta agenda e estes lobbies que querem intoxicar a opinião pública.

E o que acha que pode acontecer à UE em 2024?

Não sabemos. Espero que um terço do Parlamento Europeu seja de movimentos que possam mudar a UE por dentro, mas sabemos que é difícil. A Inglaterra vai sair, França, se Marine Le Pen ganhar, vai mudar, na Alemanha também se sente a mudança.

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  • Daniel Arrhakis
    28 mai, 2019 Mora 01:44
    Os resultados eleitorais do PNR e de outros partidos nacionalistas mostra bem como estão isolados e sem expressão em Portugal. Os portugueses ainda não esqueceram os 40 anos de ditadura, as perseguições politicas, a censura. Venceu mais uma vez a Liberdade e a Democracia contra os que tentam a todo o custo enaltecer os velhos valores da Pátria, Família e Deus mas que enaltecem a intolerância contra as minorias, censuram os que promovem as ideias humanistas e promovem a violência. Os Portugueses amam a sua família em liberdade independentemente da orientação sexual, têm orgulho na sua pátria tolerante e respeitam todas as convicções religiosas. É evidente que estes valores não são entendidos pelos que espalham a divisão e o ódio.

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