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​João Ferreira. PCP tem pessoas "bem mais destacadas do que eu" para secretário-geral

07 mar, 2019 - 00:13 • Graça Franco (Renascença) e Helena Pereira (Público)

Em entrevista à Renascença e ao “Público”, o eurodeputado João Ferreira fala sobre a sucessão de Jerónimo de Sousa e diz que hoje o papel do PCP na "geringonça" é mais "compreendido" do que há dois anos.

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O eurodeputado João Ferreira diz, em entrevista à Renascença e ao "Público, diz que nesta altura não faz sentido falar no seu nome para a liderança do Partido Comunista, porque Jerónimo de Sousa está em funções e há "inúmeros quadros destacados" em condições para, um dia, ocupar o lugar.

Jerónimo de Sousa dizia na sua última entrevista que a “geringonça” podia gerar "confusões e ilusões". O que foi mais prejudicial? As confusões que estiveram na origem de uma transferência de votos para o PS nas últimas autárquicas ou as ilusões que fizeram pensar numa inflexão de políticas face a Bruxelas?

É apressado concluir, a partir do resultado das autárquicas, que houve transferência de votos. Há muitos fatores a explicar os resultados das autárquicas. Apesar de tudo, hoje há, mais do que quando as autárquicas tiveram lugar, uma compreensão mais ampla do papel do PCP e CDU no actual quadro político. É hoje mais percetível que, não fora a intervenção do PCP e da CDU, muitos aspetos positivos que pudemos retirar destes anos de governação pura e simplesmente não existiriam. Se tivemos aspetos positivos e tivemos nestes últimos anos apesar de limitados (melhoria de rendimentos das pessoas, aumento de pensões).

Contudo, o PCP é um dos partidos que sai mais penalizado nas sondagens. As últimas sondagens dão um eurodeputado ou dois, quando agora tem três.

A sondagem que refere resulta de uma extrapolação de uma sondagem que foi feita para eleições nacionais. Há um mês, uma sondagem da Aximage dava três eurodeputados, duas semanas depois deu um resultado não tão positivo. Da mesma forma que não valorizo excessivamente a primeira, também não valorizo excessivamente a segunda. Há cinco anos, não encontra uma única sondagem publicada sobre as eleições para o Parlamento Europeu que nos tivesse dado um valor acima daquele que tivemos nas eleições.

A melhor sondagem que temos é o sentimento que vamos recolhendo nas pessoas na rua e creio que aqui há uma compreensão mais alargada hoje do que havia há um ano ou dois sobre o papel que o PCP e a CDU tiveram nestes últimos anos da vida nacional e - ainda mais importante - o papel que podem ainda vir a ter. A solução hoje para o país não é nem ficar parado sem resolver problemas que não obtiveram resposta nestes últimos três anos nem andar para trás, para aquilo que tivemos até 2015. A solução é avançar e para avançar temos que ter uma alteração de fundo na política.

No futuro, poderemos ter um Governo PS com o apoio do PCP. Será mais fácil? Não tem que haver acordo a três ou a quatro.

Sempre dissemos que o PCP e a CDU estão preparados para exercer todas as responsabilidades inclusivamente no plano governativo...

... se for a força mais votada.

A primeira questão que temos que responder antes de responder a 'Um Governo com quem?' é 'Um Governo para quê?'. Se for para responder a problemas candentes como financiamento dos serviços públicos, aumento do investimento e do crescimento, melhor distribuição da riqueza e elevação dos salários. São aspetos a que o PCP não negará o seu apoio. Ninguém esperará que o PCP vá para o Governo só por ir. Ninguém esperará essa atitude da parte do PCP. Pode haver da parte de outros partidos.

Jerónimo de Sousa já assumiu que para o ano abandona a liderança do PCP. O nome de João Ferreira aparece sistematicamente como um eventual sucessor. Está disponivel para ser escolhido pelo Comité Central?

Normalmente, respeito sempre muito o trabalho dos jornalistas, analistas e comentadores. Mas há um erro muito comum que praticam que é pensar que podem olhar para o PCP com a mesma lente de análise com que olham para os outros partidos. Isto não é mesmo tudo igual. Esta é uma daquelas questões em que o nosso funcionamento tem pouco que ver com o que vemos nos outros partidos em que há os candidatos a chefe, depois há a escolha do chefe, depois o chefe põe e dispõe e decide quem são os candidatos para ali, para acoli, qual é o programa, qual é a lista, qual é a moção.

Está a dizer que é absurdo falar-se no seu nome?

Nesta fase, sim. O PCP tem um secretário-geral na plenitude das suas funções. E tem inúmeros quadros destacados e até bem mais do que eu e com condições para um dia, se essa questão vier a colocar-se, poderem assumir essas responsabilidades.

Estaria disponível no caso do Comité Central o escolher?

Estou disponível neste momento para exercer com todas as capacidades que tenho as funções que me estão propostas que é continuar a ser vereador na Câmara de Lisboa e deputado no Parlamento Europeu.

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