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Dúvidas públicas

Fábrica de Unicórnios. Startups nacionais já criaram mais de 40 mil empregos no país

09 nov, 2024 - 12:44 • Sandra Afonso , Arsénio Reis

O diretor executivo da fábrica de unicórnios garante à Renascença que há talento no país para levar as startup à liga principal, a internacionalização. Gil Azevedo aponta para uma taxa de sucesso de 60% e garante que já criaram mais de 50 mil empregos no país. Este ano contam lançar 250 novos negócios. Defende menos regulação e burocracia e uma justiça mais rápida.

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Surgiu em 2012, como Startup Lisboa, mas há dois anos o programa foi reforçado e passou a chamar-se Fábrica de Unicórnios. Na prática é um facilitador que apoia a criação, lançamento e crescimento de startups. Este ano contam lançar no mercado 250 novos negócios, em vez dos 50 que inicialmente apoiavam por ano, e aumentar para quatro os hubs na cidade.

Em entrevista à Renascença, o diretor executivo da Fábrica de Unicórnios reconhece a dificuldade dos empreendedores em reunirem capital de risco no país, mas garante que “há talento”, por isso muitos acabam por transferir a jurisdição.

Ainda assim, fica sempre em Portugal parte do investimento, como é visível no emprego criado. Hoje o país já tem 4 mil startups, responsáveis por mais de 40 mil empregos, sem contar com as estrangeiras.

Nos últimos dois anos, a fábrica de unicórnios ajudou 60 startups internacionais a instalarem-se no país, 14 delas unicórnios, que já criaram mais 14 mil postos de trabalho.

Gil Azevedo explica no programa Dúvidas Públicas que esta é uma iniciativa “sem fins lucrativos”, que visa “acelerar e facilitar” startups. Divide-se em cinco áreas: apoio à internacionalização, estabelecimento em Portugal de projetos internacionais, empreendedorismo jovem, hubs verticais e bairros de incubação e rede internacional de ecossistemas.

Vão fechar 2024 com uma rede de 4 hubs na cidade, distribuídos por três bairros de inovação: o Beato, o Saldanha e Alvalade.

O primeiro hub surgiu na área de gaming, uma área “em franco crescimento”, o segundo foi na área de Web3, “que passou de tecnologia do futuro para tecnologia de base”. Na última semana abriram um hub na área da sustentabilidade e mobilidade, “uma exigência de governos e pessoas”, segundo Gil Azevedo.

Durante a Web Summit vai abrir o quarto hub, na área da inteligência artificial, em Alvalade. Terá espaço para mais de 20 startups, que também se podem juntar à iniciativa à distância, e um grande auditório para atividades regulares. “O grande objetivo é juntar startups, investidores, empresas e mundo académico”, acrescenta.

A Inteligência Artificial está muito presente nos novos projetos: mais de 40% das startup que passam pela Fábrica de Unicórnios “dizem que a inteligência artificial é a tecnologia principal dos seus negócios, e este número só vai aumentar”, garante Gil Azevedo. “Estamos a assistir a uma nova era de transformação, como o que foi a internet há 30 anos”, conclui.

Gil Azevedo sublinha ainda que este é um mercado fortemente concorrencial e global. “A Europa tem que se libertar um bocadinho daquilo que tem sido tradicionalmente, um regulador, e a máquina está montada para regular, para ser um facilitador responsável”, diz. “Caso contrário, a inovação não olha a fronteiras e vamos ter a inovação a ser feita nos Estados Unidos e na China”.

Ainda sem data, está também prevista a criação de um hub na área do mar, na zona da Doca de Pedrouços. Já há contactos, mas o polo de inovação ainda não avança no próximo ano.

A área social é também muito importante para a Fábrica de Unicórnios. Não há nenhum hub para a intervenção social, mas existem programas que “premeiam o impacto e não apenas a ideia”. Este ano já foi lançado o primeiro concurso de ideias inovadoras que possam melhorar a vida dos cidadãos e soluções para a cidade, em três áreas: educação, saúde e integração de imigrantes.

Nesta entrevista, Gil Azevedo dá ainda exemplos de vários negócios que se têm destacado, como as luvas de boxe feitas de sacos de plástico ou o banco para nómadas digitais. Num país que recebe muitos destes trabalhadores, o gestor apoia também a “discriminação positiva mas justa” dos nómadas digitais, como forma de captar este talento

Para impulsionar as startup, Gil Azevedo defende uma maior aposta na inovação. Explica que as medidas já avançadas pelos governos tiveram impacto, mas é ainda inicial. Lembra ainda que o funcionamento da justiça é também um fator decisivo para a escolha do país onde estas empresas acabam por se instalar.

Sobre a Web Summit, defende que é uma oportunidade, um espaço de contactos. Pode ser aproveitada pelos futuros empreendedores para explorarem as novas tendências.

Pode ouvir o programa Dúvidas Públicas aos sábados, na Renascença, ou a qualquer hora em podcast ou no site.

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