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Economia europeia

BCE reduz taxas de juro em 0,25 pontos e assegura que não prevê recessão na Europa

17 out, 2024 - 13:18 • João Malheiro , João Pedro Quesado

A taxa dos depósitos vai passar para 3,25%. Apesar de projetar uma subida da inflação "nos próximos meses", o Banco Central Europeu projeta uma descida "para o objetivo" de 2% em 2025.

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O Banco Central Europeu (BCE) cortou, esta quinta-feira, as taxas de juro diretoras em 0,25 pontos percentuais, apontando para uma redução da pressão da inflação sobre a economia europeia. É a terceira vez que o BCE reduz as taxas de juro em 2024, e a primeira vez descida consecutiva em 13 anos.

A taxa de juro aplicável aos depósitos foi reduzida para 3,25%, com efeitos a partir de 23 de outubro. As taxas pagas pelos bancos por empréstimos junto do BCE, de operações principais de refinanciamento e de facilidade permanente de cedência de liquidez, vão descer para 3,40% e 3,65%, respetivamente.

No comunicado em que justifica a decisão, o BCE aponta que "o processo desinflacionista está bem encaminhado", e que "as perspetivas de inflação também são afetadas por recentes surpresas em baixa dos indicadores da atividade económica".

Christine Lagarde procurou assegurar, na conferência de imprensa desta quinta-feira, que o BCE não prevê uma recessão. "Certamente não vemos uma recessão. Ainda estamos a olhar para essa aterragem suave" da economia, garantiu a presidente do Banco Central Europeu, rejeitando que esse receio tenha sido uma causa do corte nas taxas de juro.

As questões surgiram depois de a própria Lagarde reconhecer, na declaração inicial, que "os dados recentes apontam para um crescimento mais lento do que o esperado".

Numa recente análise à evolução da inflação na Zona Euro, Mário Centeno avisou para "um novo risco", de ficar "abaixo do objetivo de inflação", o que pode "sufocar o crescimento económico". "Menos empregos e investimento reduzido podem acrescentar ao rácio de sacrifício já suportado", apontou o governador do Banco de Portugal.

Questionada sobre o impacto de tarifas comerciais mais elevadas sobre produtos europeus caso Donald Trump seja novamente eleito Presidente dos Estados Unidos da América, Lagarde declarou que qualquer obstáculo ao comércio é uma "desvantagem" para a Europa.

"Qualquer restrição, qualquer incerteza, quaisquer obstáculos ao comércio importam para uma economia como a europeia, que é muito aberta", disse a líder do BCE, acrescentando que a instituição está "muito atenta" a possíveis movimentações nos preços do petróleo ligadas à guerra no Médio Oriente.

O principal mandato do BCE, atribuído pelos tratados europeus, é o de manter a estabilidade dos preços. O Conselho do BCE estabeleceu o objetivo de inflação a 2% no médio prazo para manter os preços estáveis.

"Pescoço" da inflação está "quase" partido

O Banco Central Europeu projeta uma subida da inflação "nos próximos meses", seguida de uma descida "para o objetivo no decurso do próximo ano". Algo que mudou pouco desde o anúncio de setembro, quando o BCE apontou que a subida da inflação no final do ano será "parcialmente porque anteriores quedas acentuadas dos preços dos produtos energéticos deixarão de ser incluídas nas taxas homólogas", calculadas face ao preços no mesmo mês do ano anterior.

Apesar disso, o BCE sublinha que "não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específica".

"A inflação interna mantém‑se alta, porque os salários ainda estão a aumentar a um ritmo elevado. Ao mesmo tempo, as pressões sobre os custos do trabalho deverão continuar a registar um abrandamento gradual, com os lucros a amortecer parcialmente o impacto dessas pressões na inflação", dizem os responsáveis do supervisor financeiro da Zona Euro.

Isso mesmo levou Christine Lagarde a afirmar que "o pescoço da inflação" está "quase" partido. "Partimos o pescoço da inflação? Ainda não. Estamos no processo de partir esse pescoço? Sim", respondeu a responsável do BCE, apontando que "os preços da comida ainda estão a crescer a 2,4 por cento em média na zona euro", e que essa "é uma área, em conjunto com os preços da energia, à qual os consumidores são muito sensíveis".

O primeiro corte de 2024 nas taxas de juro diretoras foi anunciado em junho, também de 25 pontos base, seguido de uma manutenção das taxas no mês seguinte. Em setembro, o BCE anunciou um novo corte de 0,25 pontos percentuais.

[notícia atualizada às 15h04]

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