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Economia

Empresários esperam abrandamento dos aumentos salariais para 3,8% no próximo ano

12 set, 2024 - 18:54 • Sandra Afonso

Estudo da Mercer Portugal conclui que os aumentos efetivos ficaram este ano, em média, nos 4,4%. Para o próximo ano é esperada uma travagem.

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O mercado de trabalho está menos dinâmico, segundo a última edição do "Total Compensation", um trabalho publicado esta quinta-feira pela Mercer Portugal, que identifica e analisa as principais tendências nas políticas de compensação e benefícios.

De acordo com este estudo, que contou com a participação de 612 empresas responsáveis por quase 200 mil postos de trabalho, os patrões antecipam um “ligeiro abrandamento do salário médio” no próximo ano, mais de um terço conta manter os trabalhadores e outro terço ainda não decidiu se despede ou contrata.

Para 2025, é projetado um incremento salarial médio de 3,8%, o que representa um ligeiro abrandamento face a 2024, ano em que os aumentos efetivos ficaram, em média, nos 4,4%, 0,2% acima do observado em 2023.

No entanto, considerando entre outros fatores “os aumentos salariais mais competitivos, as taxas de rotatividade voluntária mais elevadas e a dinâmica de crescimento e contratação observados nos últimos anos, a variação salarial aumentou e os salários em Portugal cresceram cerca de 6% no último ano (o valor mais elevado dos últimos anos, incluindo 2019, em pré pandemia)”, defende Marta Dias, Líder de Remunerações da Mercer Portugal.

No geral, registaram-se aumentos salariais em todos os níveis funcionais, de 2023 para 2024 o crescimento salarial foi de 6,1% (que compara com os 5,3% no período homólogo).

Nos níveis mais operacionais, as variações salariais chegaram este ano aos 8%, “muito impulsionados pelo crescimento do salário mínimo”, sublinha o estudo. Nos cargos de maior responsabilidade, este aumento ultrapassou os 10%.

Para o próximo ano, “em resposta à desaceleração da inflação, as empresas estão a ajustar as suas perspetivas de incrementos salariais, mantendo-as ainda assim acima da inflação projetada para 2024/2025”. Marta Dias explica assim que, apesar de se esperar um abrandamento nos aumentos, 2025 deverá ficar marcado por “um novo aumento real do poder de compra dos colaboradores”.

Empresas apostam em benefícios extra-salariais e flexíveis

Segundo este estudo, uma em cada três empresas distribui benefícios extra-salariais, e em particular benefícios flexíveis, pelos trabalhadores.

O seguro de saúde é a opção mais recorrente, é assegurado por 94% das empresas e 83% suporta totalmente os custos.

Seguem-se o subsídio de refeição (90%) e viatura de serviço (89%), como os benefícios mais utilizados.

A crescer no tecido empresarial está também a oferta de dias adicionais de férias, face ao previsto por lei, que já é atribuída por 61% das organizações inquiridas.

Destaque ainda para outros benefícios, como seguros de vida (71%); descontos em produtos da empresa (64%); cobertura de despesas associadas à educação dos colaboradores (58%); seguro de acidentes pessoais (44%); complemento de subsídio de doença (39%); bónus por recomendação de colaboradores (39%); plano de pensões (39%); benefícios em caso de extinção de posto de trabalho (33%); empréstimos/ adiantamentos (19%); planos de compra de ações (14%); subscrições (6%).

Fosso salarial de 10% entre homens e mulheres

A transparência e a equidade não são desafios novos, mas são considerados prioritários pelas empresas.

Este trabalho conclui que, por nível laboral, os homens estão “significativamente mais representados no topo”. Apenas 28% dos diretores são mulheres, enquanto nas chefias intermédias a percentagem sobe para 39,6%. Nesta amostra, as mulheres apenas estão em maioria no nível funcional “Comerciais/Vendas”, com 53,6%, e no nível funcional “Administrativos/Operários”, com 53,3%.

A nível salarial, mantém-se a diferença de 10% registada em 2023, entre os valores pagos a homens e a mulheres.

Marta Dias lembra que “a Diretiva Europeia sobre Transparência Salarial, que entrou em vigor em junho de 2023, terá de ser transposta pelos estados-membros para a legislação nacional até 2026.”

A maioria das organizações (89%) realiza uma revisão salarial anual e o desempenho individual continua a ser o principal fator de decisão sobre aumentos salariais, segundo 96% das empresas inquiridas. Destaque ainda para o posicionamento na banda salarial (70%) e a inflação (61%), entre outros.

Apenas 29% das empresas atribui incentivos de longo prazo.

Mais de um terço conta manter trabalhadores

As empresas são “cautelosas” sobre as expectativas de contratação em 2025. Mais de um terço, 38%, prevê manter o número de colaboradores, ainda assim 28% pretende continuar a crescer e a aumentar os trabalhadores. Outros 34% ainda não decidiram se contratam ou despedem no próximo ano.

Este ano, diminuíram as saídas voluntárias, uma queda de 2% face a 2023, para 8,6%. Segundo os autores, “sinaliza um ligeiro abrandamento na dinâmica de mercado no que diz respeito a oportunidades de recrutamento e contratações”.

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