03 set, 2024 - 16:24 • Reuters
As tarifas europeias estão a ameaçar a continuação do Cupra elétrico da Volkswagen. Em causa está o modelo elétrico que está a ser montado na fábrica da Volkswagen na China. Ou seja, caso a Comissão Europeia avance com as tarifas alfandegárias sobre os veículos importados, para combater a concorrência desleal do mercado chinês na Europa, vai atingir também os Cupra elétricos da Volkswagen.
Este SUV totalmente elétrico é vendido por cerca de 52.000 euros. Aumentar este preço para cobrir os custos da taxa alfandegária não é opção, segundo o diretor Wayne Griffiths, citado pela agência Reuters, dado o atual ambiente económico europeu.
A alternativa seria transferir a produção para outro local, mas o diretor das marcas SEAT e CUPRA explica que a empresa já investiu no aumento da capacidade de produção daquela unidade em Anhui, que é uma parceria com os chineses do JAC Automobile Group.
Além disso, se a Cupra não cumprir as vendas projetadas, ficam em risco as metas de redução de dióxido de carbono exigidas pela UE para o próximo ano, o que implica o pagamento de pesadas multas e pode resultar em cortes de produção e diminuição de postos de trabalho em Espanha.
“Isto coloca em risco todo o futuro financeiro da empresa”, diz Griffiths. “A intenção era proteger a indústria automóvel europeia, mas para nós está a ter o efeito oposto.”
Há cerca de um ano que a União Europeia estuda o impacto dos subsídios recebidos pelas construtoras automóveis chinesas, em concorrência direta no mercado europeu com as empresas dos Estados-membros.
As tarifas anti-subsídios de Bruxelas sobre os veículos importados, juntam-se ao imposto padrão da UE de 10% sobre as importações de automóveis, uma medida que já tem como objetivo nivelar a concorrência.
Na resposta, Pequim ameaça retaliar com investigações às importações de laticínios, carne suína e conhaque da UE.
Não somos uma marca chinesa que tenta inundar o mercado europeu. Os nossos carros não são para as massas. O carro não é um produto subsidiado", garante Wayne Griffiths.
A tarifa inicialmente imposta pela Comissão Europeia chegava a 38,1% e atingiu dois elétricos europeus, da Volkswagen e da BMW. Pressionada por protestos das duas empresas, Bruxelas acabou por descer a tarifa para 21,3% no mês passado, para serem incluídos na lista de empresas que cooperaram com a investigação da UE.
À americana Tesla, que tem uma grande fábrica em Xangai, foi proposta uma tarifa de 9%. A China tem solicitado aos 27 Estados-membros que rejeitem as tarifas adicionais propostas pelo executivo comunitário, numa votação prevista para outubro.
Segundo Wayne Griffiths, a CUPRA mantém contactos com a Comissão Europeia e os governos alemão e espanhol, para tentar cortar ou eliminar as tarifas previstas.
O CUPRA elétrico é produzido há vários anos na fábrica da Volkswagen na China, é o segundo modelo totalmente elétrico, projetado para chegar rapidamente ao mercado. O sucessor deverá ser construído na Europa. "Não somos uma marca chinesa que tenta inundar o mercado europeu. Os nossos carros não são para as massas. O carro não é um produto subsidiado", garante Wayne Griffiths. "Somos um animal diferente. É o que tentamos explicar."