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Subida dos juros aumenta esforço das famílias com créditos para mais de 25%

31 mar, 2023 - 14:37 • Sandra Afonso

Mais de metade dos novos contratos de crédito à habitação, 54%, devia 80% ou menos do valor da casa. No total dos empréstimos, no final de 2022 cerca de 93% devia 80% ou menos do valor da casa.

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As famílias fazem cada vez mais contas para pagarem os empréstimos. Segundo dados publicados hoje pelo Banco de Portugal, desde 2022, em que foram recomendadas várias medidas para limitar o risco na concessão de crédito, a Taxa de esforço das famílias com empréstimos agravou-se de 23,5% para 25,1% do rendimento.

O supervisor explica esta agravamento “em parte, pelo contexto atual de aumento das taxas de juro".

Se tivermos em conta apenas as novas operações de crédito à habitação, a taxa de esforço aumenta de 21,9% em 2021 para 24%. “Resulta da maior exposição do crédito à habitação a aumentos da taxa de juro já que este é tipicamente contratado a taxa variável enquanto o crédito ao consumo é contratado a taxa fixa", diz o Banco de Portugal.

Maioria dos créditos até 90% do valor da casa

Foi uma das recomendações do Banco Central, que o valor em dívida não ultrapassasse 90% do valor de aquisição, uma meta que em 2022 foi cumprida pela quase totalidade dos novos créditos.

Mais de metade dos novos contratos de crédito à habitação, 54%, devia 80% ou menos do valor da casa. No total dos empréstimos, no final de 2022 cerca de 93% devia 80% ou menos do valor da casa.

Segundo o Relatório de Acompanhamento da Recomendação macroprudencial sobre novos créditos a consumidores, estes dados representam “ma melhoria do perfil de risco dos mutuários das novas operações de crédito à habitação com uma redução da percentagem de crédito concedido a mutuários de risco elevado”.

Os travões nos créditos foram implementados em duas fases, primeiro em julho de 2018 e depois em abril de 2022. Além de limites mais apertados ao valor pedido, incluem ainda margens mais pequenas face aos rendimentos das famílias e prazos de pagamento menores

Crédito pessoal para comprar casa é residual

Depois de terem reduzido o valor que as famílias podiam pedir emprestado para pagarem a habitação, os bancos avaliaram se estariam a recorrer a outros empréstimos para pagarem a verba em falta.

O Banco de Portugal admite que 1,2% do crédito pessoal poderia estar a ser utilizado para aquisição de habitação, mas garante que as situações foram corrigidas.

"Em 2022, foi solicitada, a um conjunto de instituições, informação sobre os controlos implementados ou a implementar, de forma a prevenir a ocorrência deste tipo de situações", ou seja, “a contratação simultânea de crédito à habitação e de crédito pessoal, em montante suscetível de ser potencialmente utilizado com a mesma finalidade, tem reduzida materialidade", explica o supervisor.

Para prevenir o recurso a crédito pessoal para a aquisição de habitação, “as instituições implementaram um conjunto de controlos", entre eles a proibição destas operações, a monitorização da concessão de crédito pessoal próxima da contratualização do crédito à habitação e a recolha de informação sobre a origem dos capitais próprios.

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