02 fev, 2023 - 13:32 • Sandra Afonso
O Conselho do Banco Central Europeu subiu esta quinta-feira as taxas de juro de referência em 50 pontos base (ou 0,5%), com efeito a partir de 8 de fevereiro.
A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento passa para 3%, a taxa aplicável à facilidade permanente de liquidez aumenta para 3,25% e sobre a facilidade permanente de depósito sobe para 2,50%.
A autoridade monetária não vai ficar por aqui, sinalizando em comunicado que, na próxima reunião em março, volta a subir os juros, em mais 50 pontos base.
"O Conselho de governadores decidiu hoje subir as três taxas de juro de referência em 50 pontos base e esperamos voltar a subi-las. Tendo em conta as pressões inflacionistas, tencionamos subir as taxas de juro em mais 50 pontos base na próxima reunião, em março. Depois avaliamos os próximos passos", disse a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde.
A decisão é justificada com as “pressões sobre a inflação subjacente. O BCE acrescenta que “manter as taxas de juro em níveis restritivos reduzirá, com o tempo, a inflação, ao refrear a procura, e protegerá também contra o risco de uma persistente deslocação, em sentido ascendente, das expectativas de inflação”.
Sobre possíveis aumentos depois de março, Lagarde indicou que futuras decisões do Conselho do BCE sobre as taxas de juro diretoras continuarão a depender dos dados e a seguir uma abordagem reunião a reunião. A meta mantem-se inalterada: “assegurar o retorno da inflação ao seu objetivo de 2% a médio prazo”.
“Vão dizer: e depois de março? Isso quer dizer que atingimos o pico? Não, não! Sabemos que ainda temos caminho para fazer, ainda não terminou. O que estamos a dizer é que à medida que recebermos projeções vamos avaliar o ritmo e passos necessários para mantermos o rumo”.
Em 2022 o BCE subiu as taxas de juro quatro vezes, num total de 200 pontos base. A inflação está a descer, o índice Harmonizado de Preços caiu para 8,5% em janeiro.
A partir de março e até ao final de junho de 2023 será reduzida a aquisição de títulos, ao abrigo do programa de compra de ativos (asset purchase programme – APP), em 15 mil milhões de euros por mês, em média.
A partir do segundo semestre, o ritmo de redução ainda será avaliado. “Os reinvestimentos remanescentes privilegiarão mais fortemente emitentes com um melhor desempenho climático”, em linha com as metas do Acordo de Paris.
Sobre o programa de compra de ativos devido a emergência pandémica (pandemic emergency purchase programme – PEPP), o BCE garante que até final de 2024 serão reinvestidos os pagamentos de capital dos títulos vincendos.
[notícia atualizada às 16h00 com declarações de Christine Lagarde]