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Crise no setor têxtil em Portugal. Empresários pedem fixação do preço do gás natural

09 set, 2022 - 09:30 • Núria Melo

As subidas acentuadas dos preços das matérias primas resultam em baixas margens de lucro. "Estamos a falar em aumentos na ordem dos 1.500%."

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As subidas acentuadas dos preços das matérias primas e dos preços do gás natural resultam em baixas margens de lucro.

Os empresários do setor têxtil em Portugal põe em cima da mesa diferentes cenários, todos pouco animadores: redução das horas de trabalho, "lay-off" simplificado e, caso as subidas continuem, possibilidade de despedimentos e de encerramento.

Associação Têxtil de Portugal (ATP) admite que a equação não dá conta certa quando o preço da energia já vai nos 300 dólares por kWh.

"Estamos a falar em aumentos na ordem dos 1.500%", admite Mário Jorge Machado.

O presidente da ATP explica que o gás natural custava 20 dólares por kWh e neste momento já tem um preço de 300 dólares por kWh.

Bruxelas deverá apresentar esta semana medidas para combater a crise energética, mas Mário Jorge Machado acredita que existem três ações urgentes a ter em conta pelo Governo português.

"Temos pedido ao Governo para aumentar o apoio de 30 para 70% da diferença do preço do gás do ano passado para o preço deste ano e aumentar o máximo de apoio por empresa" e ainda "que este problema fosse resolvido a nível europeu e fixar-se o preço do gás natural para a indústria nos 80 dólares por kWh".

O executivo tem já em vigor medidas de apoio às empresas, mas João Costa, da Associação Selectiva Moda, acredita que não tem sido suficiente.

"É urgente alargar o apoio às empresas intensivas em energia", afirma.

O empresário salienta que o apoio de "meio milhão de euros é muitas vezes o prejuízo, por mês, de algumas empresas" e por isso insuficiente para combater a crise que se vive no setor.

A concorrer nos mercados internacionais o setor têxtil vê-se em desespero com o aumento dos preços do gás natural, Susana Serrano acredita que a solução passa por fixar um teto máximo do preço a nível europeu.

"Andamos todos os dias a correr atrás do prejuízo", reforça a empresária.

Susana Serrano admite que tem tido muitas dificuldades em gerir a indústria, a produção e a otimização, já que "ninguém sabe como será o dia vai acabar".

Com esta instabilidade, os empresários do setor têxtil queixam-se das subidas e falam já em prejuízos alargados. Álvaro Morgado diz que "ontem já era tarde para medidas de apoio".

E a correr contra o tempo, o empresário pede rapidez nas medidas e fala em "cenário negativo a curto prazo" para as empresas do setor.

Álvaro Morgado admite que podem estar em causa "a redução de horários de trabalho ou de dias de trabalho de forma que se consiga ultrapassar este período de crise para a indústria".

Ficam os apelos dos empresários do setor têxtil por medidas urgentes.

As propostas para combater a subida do preço do gás natural serão primeiro debatidas entre os Estados-membros na reunião extraordinária do Conselho Europeu de ministros e que terão depois efeitos em Portugal.

Comentários
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  • Desabafo Assim
    09 set, 2022 Porto 13:24
    São pagos para pensar, que pensem, congelar o preço do gás à indústria é desígnio nacional, depois de fechar já não volta a abrir, o mundo reajusta-se.

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