02 set, 2022 - 14:30 • Liliana Monteiro , com redação
O primeiro-ministro, António Costa, que se encontra de visita a Moçambique, apontou hoje o país como uma alternativa desejável de fornecimento de gás à Europa e quer que porto de Sines possa ser a porta de entrada para a Europa, e acredita que Moçambique é um desses mercados.
Em declarações, à Renascença, Ângelo Correia, ligado ao processo da introdução de gás natural no nosso país, especialista na área e em relações entre Europa e África, considera que Moçambique pode ser visto como alternativa a curto e médio prazo, mas, quanto a Sines, defende que há mais portos e mais bem equipados.
“É uma alternativa momentânea, em escala reduzida e pode ser uma boa alternativa a médio prazo – num prazo de cinco a sete anos. A bacia do rio Rovuma, que faz fronteira entre a Tanzânia e Moçambique, é uma zona onde foi descoberta uma das maiores jazidas do mundo, onde existem já três concessões distribuídas. A primeira, à Eni que tem como base a vila de Palma, duas que são à
Total francesa, onde está no consórcio a Galp, e está outra com a Exxon
americana. Simplesmente, as duas zonas que, penso que são maiores, a da
Exxon e da Total vão demorar, pelo menos, cinco a sete anos”, explica Ângelo Correia.
O primeiro-ministro declara ainda que enquanto é c(...)
Contudo, defende que o "mito" de Sines como abastecedor de toda a Europa é falso e que Sines tem "alguma capacidade", mas existem portos mais bem equipados.
“Há
um mito de que Sines pode abastecer a Europa toda: falso. Sines tem
alguma capacidade de
transhipment e tem alguma capacidade de desliquidificação e passagem a gás. Tem alguma capacidade, mas se
estamos a pensar e a dizer que Sines é o grande porto abastecedor da
Europa é falso, porque existem, por exemplo, na Península Ibérica sete
unidades parecidas com a de Sines, mais desenvolvidas, com maior
capacidade e menor utilização”, justifica Ângelo Correia.
A ser uma realidade, o transporte de gás de Moçambique para Portugal demoraria uma semana a ser feito via marítima e em estado liquido tendo depois de ser transformado em Sines para o estado gasoso.
“A chegada de Moçambique à Europa demorará pouco mais de uma semana só, o problema será a capacidade de produção e extração que, hoje em dia, Moçambique tem e que só a Eni é que o faz. As outras duas grandes concessionárias, que são a Total e a Exxon, do meu ponto de vista, será a médio-longo prazo. Não embarquemos na ideia de que vamos ter o problema da Europa resolvido com Moçambique, vamos ter mais um contributo, mas não será suficiente", conclui o especialista.