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Crise energética

Centros comerciais contra redução de horário. Ambientalistas a favor

22 ago, 2022 - 18:51 • Sandra Afonso , com redação

Confederação do Comércio e Serviços admite discutir a redução do horário, “sem preconceitos”, mas de forma limitada. Associação Portuguesa de Centros Comerciais rejeita a possibilidade e diz que já apresentou propostas para reduzir o consumo energético.

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A Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC) está contra o encerramento das lojas algumas horas mais cedo, como resposta à poupança de energia. Os ambientalistas defendem esta e outras medidas.

Em declarações à Renascença, o diretor executivo da APCC, Rodrigo Moita de Deus, recorda que a própria associação apresentou propostas para reduzir o consumo energético, nomeadamente ao nível da climatização, com poupanças significativas.

Propostas que “mexem com a climatização, com a iluminação, e com os próprios meios mecânicos dos centros comerciais”, por isso, “estamos bastante confiantes” quanto “a conseguirmos cortes substanciais”, afirma, para acrescentar que as poupanças podem atingir “entre 7% e 9%, segundo os nossos cálculos, mas pode ir até um pouco mais”.

Para este responsável não faz sentido falar em redução de horário, sobretudo ao fim-de-semana, tanto mais que são os dias escolhidos pelos portugueses, por questão de “conveniência”, para realizar as suas compras.

“As nossas propostas para reduzir os consumos energéticos dentro dos centros comerciais, procuram, exatamente, evitar que se mexa, quer nos horários, quer na própria atividade económica, porque aquilo que nós aprendemos com a pandemia, foi que a maior parte das vendas”, não sendo feitas em loja física, “foram transferidas quase diretamente para o online”, argumenta, Rodrigo Moita de Deus.

O diretor da APCC sublinha ainda que “os domingos e os sábados são os dias preferidos pelos portugueses para fazerem compras”, o que acontece, não por uma questão de preferência de gosto, mas por “uma questão de conveniência”.

“Numa altura em que estamos sempre com aquele discurso de conciliar a vida profissional, com a vida familiar devemos por isto em cima da mesa”, conclui Moita de Deus.

Ambientalistas defendem comércio fechado ao domingo

AConfederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) admite discutir a redução do horário, “sem preconceitos”, mas de forma limitada.

Em comunicado, a CCP lembra que Portugal tem uma das maiores médias semanais de trabalho no espaço europeu, numa altura em que está dificultado o acesso a mão-de-obra e muitos procedimentos estão automatizados.

No entanto, citado pelo "Jornal de Negócios", o presidente da Confederação, João Vieira Lopes, defende o encerramento antecipado das lojas em uma hora, nos dois dias da semana com menos vendas, o domingo e a quinta-feira.

À Renascença, Susana Fonseca, da associação ambientalista Zero, defende que se discuta o encerramento do comércio aos domingos, o dia todo ou metade.

“O facto de a Confederação do Comércio dizer que nós temos um horário de abertura ao público superior à média europeia, acho que nos deixa alguma margem para trabalharmos essa medida se considerarmos que essa medida é relevante do ponto de vista da energia, mas até de outros pontos de vista em termos sociais”, afirma Susana Fonseca.

Do ponto de vista da poupança energética, faz sentido equacionar o encerramento dos estabelecimentos comerciais, sublinha.

“Se estamos a falar em encerrar estabelecimentos que de outra forma estariam abertos, com mais iluminação e refrigeração, obviamente aí teremos poupanças. Estamos a falar de muitos espaços comerciais que abrem ao domingo. Parece-nos uma medida que deve estar em cima da mesa.”

Susana Fonseca lembra que há medidas mais complexas em discussão, para poupar energia.

“Se nós chegamos a esta situação de até propor a redução da iluminação pública, se calhar também podemos chegar com alguma facilidade a esta solução de reduzir as horas de funcionamento de alguns estabelecimentos”, afirma a ambientalista.

A Zero elogia ainda as restantes medidas apresentadas pela Confederação do Comércio para poupar energia, como o controlo das temperaturas ou a redução da iluminação, medidas em linha com as que já foram apresentadas pela associação ambientalista.

Os ambientalistas aplaudem ainda a redução dos consumos através de opções mais verdes e o que consideram ser um ótimo exemplo do que deve ser a aplicação dos fundos europeus.

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