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Opinião de Cipriano Sousa, da Farfetch

A tecnologia ao serviço de cada um

30 dez, 2021 - 16:25

​2021 foi também o ano das compras online e da exigência do consumidor em viver uma experiência única que combinava na perfeição o físico e o digital.

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Enquanto Chief Technology Officer da Farfetch, o meu balanço sobre 2021 recai, naturalmente, sobre a área da tecnologia e a forma como os portugueses souberam adaptar-se a um ano também marcado pela pandemia Covid-19 e sucessivos confinamentos e restrições.

Olhamos para a forma como, de um modo geral, se deu um bom uso às ferramentas digitais adquiridas em 2020 e a maneira como empresas nacionais e internacionais encararam outro ano de teletrabalho e novos conceitos como a realidade virtual ou a inteligência artificial que começaram a ser abordados.

Enquanto o ano de 2020 foi de transição digital, o ano de 2021 foi, sem dúvida, de consolidação digital e de introdução de novas tecnologias e soluções inovadoras que vieram para ficar. Durante todo o ano, a tecnologia desempenhou um papel fundamental no dia-a-dia das pessoas. Reflexo desta premissa é o facto de 24% das empresas em Portugal (dados do INE) terem investido em tecnologias de informação e comunicação que até aí não tinham sido necessárias.

2021 foi também o ano das compras online e da exigência do consumidor em viver uma experiência única que combinava na perfeição o físico e o digital. Um exemplo de adaptação a esta realidade é a solução de virtual try-on da Farfetch, uma ferramenta que permite ao utilizador experimentar sapatos e outros produtos, através do seu smartphone, e perceber como é que aquele artigo lhe fica melhor.

Outro exemplo que encaixa perfeitamente nesta ideia de combinar o físico e o digital na melhor experiência para o cliente é o mais recente supermercado sem caixas em Portugal. Neste supermercado, os clientes não esperam na fila das caixas para pagar porque elas não existem, apenas selecionam os produtos e saem do local. É através de uma aplicação, desenvolvida pela empresa que detém o supermercado que o cliente consegue associar o seu cartão e o valor é debitado à saída do espaço.

Afinal o que é o metaverso, em que Zuckerberg está a apostar tudo?
Afinal o que é o metaverso, em que Zuckerberg está a apostar tudo?

2021 foi também o ano da entrada do metaverso. O metaverse, em inglês, deriva da palavra grega “Meta” que significa “beyond” e “universe”, sendo que o metaverse significa “beyond universe” e é aquilo a que Mark Zuckerberg denominou como “a nova versão da Internet”, o espaço onde os mundos físico e digital se encontram. É o local onde as representações digitais dos humanos - os avatares - interagem no trabalho e no dia-a-dia, encontrando-se no escritório, frequentando concertos e, até, experimentando roupa.

É natural que, à data de hoje, não haja uma percepção clara do que é o metaverso e mesmo os consumidores tenham as suas dúvidas sobre o futuro de um mundo virtual. Contudo, há uma certeza sobre o metaverso: não tem origem numa só inovação, mas que é uma extensão de uma série de tecnologias já existentes e que já foram adotadas pelos consumidores de uma forma relativamente rápida. O metaverso é uma junção de várias inovações tecnológicas que já temos vindo a ouvir falar - realidade virtual e aumentada, blockchain, criptomoedas, comércio eletrónico, espaços 3D, entre outros.

A forma mais fácil de pensar no metaverso é como uma tela em branco e, na verdade, é que apesar de ter sido introduzido há poucos meses, a indústria já começa a reagir e prevê-se que 2022 seja o ano de uma adoção clara deste conceito, nomeadamente na abordagem ao e-commerce.

Não é de estranhar que uma das palavras de 2021 por parte do Collins Dictionary seja Non-Fungible Tokens (NFTs), um ativo baseado em blockchain que atualmente pode ser qualquer coisa - desde arte e colecionáveis ou até produtos de moda - desde que sejam 100% digitais.

Não precisamos de ir muito longe para perceber que o e-commerce já está a começar a dar os primeiros passos em direcção ao metaverso com a introdução destas tecnologias que vão ao encontro das tendências atuais e novos consumidores (consumidores mais jovens e exigentes). Contudo, ainda há um longo caminho a percorrer, especialmente porque ainda não é claro como se vai desenrolar este metaverso em termos estruturais e funcionais. Além disso, é preciso pensar também o que irá acontecer ao metaverso se a Covid-19 desaparecer. Será que os consumidores estarão dispostos a continuar a investir no mundo digital quando tudo passar? Temos que esperar para ver.


Cipriano Sousa, Chief Technology Officer da Farfetch

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