Tempo
|
A+ / A-

Entrevista

Aumentar salário médio? "Primeiro, aumentar a produtividade", diz Francisco Assis

06 dez, 2021 - 18:43 • Hugo Monteiro , André Rodrigues

Presidente do Conselho Económico e Social considera prioritária “a celebração de um grande acordo de concertação social, tendo em vista estabelecer objetivos, criar condições para o aumento da produtividade”. "Sem crescimento da economia, não estaremos em condições de garantir um aumento substancial dos salários praticados em Portugal”, defende Francisco Assis.

A+ / A-

O presidente do Conselho Económico e Social (CES) apela a um grande acordo de Concertação Social para o crescimento da produtividade.

A posição foi assumida esta segunda-feira por Francisco Assis, em declarações à Renascença, numa altura em que se intensifica o debate sobre a necessidade de se aumentar o salário médio.

Para o presidente do CES, tal cenário só será possível se houver um aumento da produtividade.

“Só poderemos subir o salário médio em Portugal quando tivermos uma melhor produtividade, quando a nossa economia estiver a crescer mais e estivermos, por isso, em condições - quer as empresas quer o Estado - de pagar salários mais elevados”, admite Assis.

Ao contrário do que acontece com a fixação do Salário Mínimo Nacional (SMN), que “é determinado política e administrativamente” para assegurar “um patamar mínimo abaixo do qual se considera que as pessoas não têm condições para viver com dignidade”, o salário médio pode ser objeto de uma decisão administrativa.

Francisco Assis defende, por isso, “um entendimento mínimo nacional sobre a necessidade de procurar perceber, exatamente, quais as razões pelas quais a nossa economia continua a ter um crescimento medíocre, o que acaba por ter consequências dramáticas, nomeadamente junto da população mais jovem e qualificada que tenderá a abandonar o país, se nada for alterado”.

Baixar impostos sobre o trabalho? “Há vários caminhos possíveis”

Questionado pela Renascença sobre uma possível mexida dos impostos sobre o trabalho para garantir melhores rendimentos, Francisco Assis evita “antecipar as soluções”, mas entende que “há vários caminhos possíveis” e que “uma das hipóteses, para aumentar os rendimentos, seria uma redução da carga fiscal incidente sobre o fator trabalho”.

Mas, para o presidente do CES, o desafio que se coloca a Portugal, nos próximos anos, “é a celebração de um grande acordo de concertação social, tendo em vista estabelecer objetivos, criar condições para o aumento da produtividade”.

Porque, insiste, “sem crescimento da economia, nós não estaremos em condições de garantir um aumento substancial dos salários praticados em Portugal”.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • José J C Cruz Pinto
    07 dez, 2021 ILHAVO 13:41
    Muito bem! ... E onde entra o aumento de produtividade dos gestores e empresários? É que, nesses casos, parece que os ganhos (isenções de impostos, mais lucros, menos salários pagos aos outros, etc ) têm de vir antes de maior produtividade, competência e tudo o mais que lhes falta! ... Curioso no que dá a esperteza.
  • EU
    06 dez, 2021 PORTUGAL 21:15
    " só poderemos aumentar o salário médio, quando tivermos uma MELHOR produtividade ". Isto, dito num anfiteatro ou numa sala de teatro era merecedor de um BATER de PALMAS com a plateia de pé. Mas dito normalmente, é caso para perguntar. A produtividade é proporcional ao salário, não é? Então como JUSTIFICA o salário de um DIRECTOR INTERMÉDIO ( administrador ) Hospitalar? E da grande MAIORIA dos GESTORES públicos? Não é de admirar, pois é da zona de muita PARRA e pouca uva. Como disse Alguém, é só fazer as CONTAS.

Destaques V+