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Aumento dos combustíveis

"Em janeiro não há transporte escolar", se preço dos combustíveis não parar de subir

14 out, 2021 - 19:41 • Henrique Cunha

Associação Rodoviária de Transportes Pesados de Passageiros garante que os sucessivos aumentos no preço do gasóleo está a ter "um reflexo catastrófico nas empresas". "Estamos a pagar mais 30 cêntimos por litro que em janeiro".

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O presidente da Associação Rodoviária de Transportes Pesados de Passageiros (ARP) admite que "em janeiro não há transporte escolar", se nada for feito para estancar a subida do preço dos combustíveis.

Em declarações à Renascença, Rui Pinto Lopes garante que os sucessivos aumentos no preço do gasóleo está a ter "um reflexo catastrófico nas empresas", dado que "desde o início do ano os combustíveis aumentaram 35 vezes" e neste momento "estamos a pagar mais 30 cêntimos por litro que em janeiro".

Este responsável lembra que "foram dados preços no início do ano para os transportes escolares e as empresas que estão a operar esses serviços de repente ficaram a braços com um aumento da matéria prima, neste caso do gasóleo que tem cerca de 40% de peso sobre o custo efetivo de produção de um transporte em autocarro, o que é um aumento incomportável".

O responsável adianta que "neste momento as empresas estão a começar a pagar para trabalhar", o que "lamentavelmente vai levar a uma situação em que vamos deixar de ter capacidade de honrar estes compromissos de efetuar os trabalhos contratados". "Se não houver um apoio do Estado para fazer face a este aumento provocado pelo próprio Estado, não conseguiremos sobreviver", reforça.

Neste contexto, Rui Pinto Lopes garante que "o transporte escolar está em causa" e se nada for feito "será difícil manter o transporte escolar até ao fim deste período escolar, e em janeiro já não há transporte escolar".

Do Governo, a Associação exige um gasóleo profissional que "tenha no mínimo uma redução de 30 a 40 cêntimos por litro".

ANTROP concorda com a descarbonização, mas exige apoios

A Associação de Transportadores de Passageiros - Antrop - concorda com a política de descarbonização que penaliza o preço dos combustíveis, mas defende uma discriminação positiva para o sector.

Em entrevista à Renascença, Luís Cabaço Martins diz que é preciso "excecionar o sector de transporte publico de passageiros do conjunto de agravamentos e até de alguma fiscalidade atual".

Ou seja, "reduzir o preço do gasóleo para esse sector, e sobretudo não o agravar, como está já previsto". Cabaço Martins esclarece que está a falar "da componente fiscal que representa mais de 50% do preço de venda ao publico; e nessa componente fiscal o Governo pode intervir e, portanto, é essa intervenção que nós pretendemos para que o transporte publico continue a ser viável e continue a ser uma alternativa para a redução dos km feitos em transporte individual".

O outro aspeto é "os transportadores poderem receber um apoio financeiro através de acordos entre a Antrop e o Governo, com metas e compromissos de parte a parte, em que ajude os operadores a fazer a tal reconversão para autocarros de outra tipologia e outro tipo de motor".

O presidente da Antrop sublinha que "o transporte de passageiros significa apenas 4% do consumo de gasóleo em Portugal", e garante que "quem está a poluir e quem está a produzir CO2 são os carros particulares e os camiões que representam 16 por cento do consumo de gasóleo no país".

Cabaço Martins entende que "até para o Governo do ponto de vista da diferenciação fiscal nem sequer onera muito, pois estamos a falar de 4 por cento do consumo total", pelo que "faz sentido excluir os autocarros deste agravamento para que eles possam ser o garante dessa descarbonização através da sua possibilidade de ser alternativa".

Em Portugal existem cerca de 400 alvarás de empresas de transportes. Cerca de 150 são associadas da ARP (Associação Rodoviária de Transportadores Pesados de Passageiros) e outras 100 da Antrop (Associação de Transportadores de Passageiros).

As restantes não têm qualquer filiação.

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