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Moratórias acabam amanhã. “O pior é entrar em incumprimento”, diz Deco

30 set, 2021 - 11:13 • Fátima Casanova

Milhares de famílias retomam os pagamentos do crédito à habitação e muitas ainda não conseguiram reestruturar os empréstimos.

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O pagamento das prestações dos empréstimos da maioria das famílias é retomado a partir de sexta-feira, dia 1 de outubro. Têm estado a beneficiar destas moratórias 227.700 famílias.

Os beneficiários tiveram, de um dia para o outro, cortes significativos no rendimento – perderam o emprego, tiveram de reduzir a atividade ou viram o salário cortado, por exemplo, por terem deixado de fazer horas extraordinárias. Tudo, por causa da pandemia.

O problema é que muitas destas famílias ainda não conseguiram recuperar e, por isso, todos os dias têm chegado pedidos de ajuda à Associação para a Defesa do Consumidor. Natália Nunes alerta que “há muitas famílias que estão a beneficiar das moratórias e que ainda não conseguiram reestruturar o seu crédito à habitação com as instituições de crédito”.

Esta responsável da Deco considera que, a partir de amanhã, há famílias que “vão ter muitas dificuldades”.

É preciso renegociar

A Deco aconselha todas as pessoas, que estejam nestas condições, a renegociar o seu crédito. Natália Nunes refere que as famílias que não conseguiram alterar as condições “devem continuar a contactar as instituições de crédito, de certa forma a pressionar no sentido de que seja encontrada uma solução”.

Natália Nunes acredita que é possível encontrar uma saída, porque “nem famílias nem instituições de crédito têm interesse nenhum em que o crédito entre numa situação de incumprimento”.

É preciso não falhar o pagamento

Para Natália Nunes, “o pior que pode acontecer é a situação entrar em incumprimento e a família nada fazer. Aquilo que irá acontecer, mais tarde ou mais cedo, é a família ser confrontada com a perda da sua casa e é isso que é preciso evitar”.

Esta especialista da Deco admite que as dificuldades vão aumentar e que, a partir de outubro, haverá situações extremas em que “é preciso pensar em soluções radicais” e, por isso, “haverá famílias que vão ter de ponderar a venda da casa, porque não têm condições de, a curto e médio prazo, conseguir pagar o crédito à habitação”.

Outras poderão ter de recorrer a processos de insolvência.

A associação já tinha pedido o Governo que criasse um regime transitório, de modo a facilitar a retoma do pagamento dos créditos.

“Muitas não conseguem, com as instituições de crédito, encontrar soluções que apresentem viabilidade e, portanto, serão com toda a certeza famílias que em outubro vão ser confrontadas com situação de incumprimento”, afirmou Natália Nunes à Renascença, há uma semana.

Na mesma linha, o presidente da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, também considerou “urgente” delinear um plano para apoiar o fim das moratórias.

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