21 jul, 2021 - 18:46 • Sandra Afonso
O antigo ministro Mira Amaral diz que o Estado português é "megalómano" e não sabe usar o dinheiro dos contribuintes nem os fundos europeus.
Quando o país se prepara para receber milhões de Bruxelas, uma parte a fundo perdido, o antigo governante critica a execução no país.
“Quando o Estado intervém, tem que saber intervir e bem. Tem que ter o conceito de ‘value for money’, saber usar o dinheiro do contribuinte. Eu, que até sou liberal, não me choca que o Estado possa intervir nalgumas coisas. Agora, choca-me profundamente que em Portugal o Estado é megalómano, quer ir a todas e depois não vai a nenhuma. Nem às funções essenciais do Estado vai”, afirma Mira Amaral.
No debate "Potenciar os efeitos dos fundos europeus na economia nacional", organizado pelo Fórum para a Competitividade e que decorre no Centro de Congressos de Lisboa, o antigo ministro diz que a boa afetação de recursos é um problema grave em Portugal.
“O problema já nem é tanto a escolha societal, porque acho que as sociedades europeias até querem mais Estado na economia do que a americana, ou anglo-saxónicas. A minha questão é a boa afetação de recursos. Um Estado nórdico ou alemão até, razoavelmente, sabe gastar o dinheiro. Nós, isto é uma vergonha e um desperdício.”
Neste debate sobre o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o ex-ministro da Indústria e Energia defendeu que a aplicação dos fundos vai ficar aquém, devido às distorções na economia e à falta de reformas estruturais.
Segundo Mira Amaral, “o Estado é um grande condicionante do desenvolvimento socioeconómico do país”.
O debate "Potenciar os efeitos dos fundos europeus na economia nacional” vai ser encerrado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.