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​Nasceu em pandemia. Fica no Alentejo a única fábrica de processamento de nozes em Portugal

18 jun, 2021 - 19:50 • Rosário Silva

A inauguração aconteceu esta sexta-feira, com a presença de dois ministros. Ambos destacaram o contributo importante do setor agro-alimentar para a economia portuguesa.

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É única em Portugal e na Europa, e está localizada no Alentejo. A fábrica de processamento de nozes da Nogam, do grupo agroindustrial Sogepoc, está situada entre São Manços e Torre de Coelheiros, no concelho de Évora, e foi inaugurada esta sexta-feira.

Com um investimento de 6,9 milhões de euros e uma capacidade de produção de 4.000 toneladas por ano, a nova unidade nasceu em plena pandemia, num edifício que aposta na eficiência energética e onde é feito todo o percurso, desde o campo até ao produto final.

“A nossa produção agrícola está concentrada no distrito de Évora, onde temos três propriedades, sendo esta a maior, e que representam, no total, 615 hectares de nozes, 170 hectares de amêndoas”, destaca o administrador da Nogam, Tiago Costa.

O investimento na plantação começou a ser feito em 2016 e “estamos gradualmente a entrar em produção, produção essa que vai crescer e entrar em velocidade de cruzeiro por volta de 2025”, refere.

Sustentabilidade, qualidade do produto e eficiência, são os princípios pelos quais se rege a empresa que pretende vir a ter “um posicionamento único e diferente no mercado” fornecendo noz fresca todo o ano e com qualidade.

Em termos de exportação, os mercados preferências são o alemão, o espanhol e o italiano, além do nacional. “Esperamos vir a ter um volume de faturação que pode atingir entre 20 a 25 milhões de euros e estamos empenhados na criação de emprego, entre 80 a 100 postos de trabalho”, adianta Tiago Costa.


O grupo Sogepoc, da família Ortigão Costa, investe há vários anos no setor agroalimentar. Nos últimos 20 anos, multiplicou por 15 o volume de negócios nesta área, tendo passado de 20 milhões de euros de faturação para cerca de 300 milhões.

É uma das maiores empresas, a nível mundial, e tem fábricas em Portugal, Espanha e Chile. Cultiva cerca de três mil hectares de tomate em campos próprios e arrendados e comprou a outros parceiros, mais de 12 mil hectares desta cultura. Cerca de 90% do produto transformado é exportado para 80 países, sendo o restante consumido no mercado português.

O grupo dispõe, ainda, de uma área significativa com cultura de arroz, em Portugal, onde é um dos principais produtores deste cereal. Na área da produção animal, com um efetivo de 900 vacas, produz cerca de 30 mil litros de leite diários destinados ao mercado nacional.

Em 2015, iniciou o projeto de frutos secos (nozes e amêndoas) onde já investiu mais de 50 milhões de euros em pomares, maquinaria agrícola e na fábrica que agora foi inaugurada.

Governo destaca importância do setor para a economia

A inauguração contou com a presença de dois ministros. No final da visita à fábrica, o ministro da Economia enalteceu o setor agroalimentar, considerando-o como “um dos maiores contribuintes para a transformação estrutural da economia portuguesa”, lembrando “tanto o crescimento nas nossas exportações e termos passado a ter um saldo positivo na nossa balança comercial, algo que “está consolidado.”

Para Pedro Siza Vieira, é imperativo continuar a “apostar na inovação, na orientação para os mercados externos, em novas produções, na utilização mais eficiente dos recursos que a natureza coloca à nossa disposição, no talento e na formação das novas gerações e na capacidade do sistema cientifico-tecnológico”.


É neste sentido que vão as politicas públicas, nos próximos tempos, por isso, diz o governante, “tomamos a decisão, clara, de no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e na programação do próximo quadro financeiro plurianual, dotarmos as nossas empresas de recursos inéditos na nossa História”.

O PRR português é, segundo Siza Vieira, de todos os que são conhecidos, até agora, o que maior percentagem do orçamento dedica aos apoios diretos às empresas.

“Tenho profunda confiança de que na próxima década, o país vai conhecer um momento de grande crescimento no investimento”, aumentando “a capacidade externa da nossa economia”, sublinhou.

“Essa confiança não é uma esperança vã, com um otimismo desligado da realidade. Ela assenta no testemunho e na evidência do percurso que todos soubemos percorrer, e que é tão bem ilustrado nesta nova unidade e toda esta fileira de produção”, afirmou.

Ao lado de Siza Vieira, a ministra da Agricultura que quis assinalar a inauguração desta nova unidade fabril. Maria do Céu Antunes realçou o contributo do setor agroalimentar para o crescimento da economia portuguesa.

“Somos, hoje, capazes de produzir 85% daquilo que consumimos, em termos médios, e a nossa taxa de cobertura das importações pelas exportações é muito expressiva”, sendo que em 2020, atingiu “praticamente aos 69%”.

Confiante “num caminho muito positivo”, na linha do que acontece com outros países europeus, Maria do Céu Antunes teceu elogios à agroindústria, lembrando que apesar da pandemia, o setor “continuou a aumentar as exportações em 2,5% e a agricultura em 5,5%”.

A ministra da Agricultura recordou, ainda, que no âmbito do PRR, “o Governo decidiu colocar 93 milhões de euros diretos para uma agenda mobilizadora para a agricultura.”

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