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Seguro automóvel devolvido em tempo de confinamento

30 abr, 2020 - 13:30 • Luís Aresta

"A sinistralidade baixou de forma drástica e as seguradoras vão devolver o dinheiro correspondente a este período de paragem", anuncia o presidente da Associação Nacional de Agentes e Corretores de Seguros. Aumentou o incumprimento do pagamento dos seguros automóvel e de trabalho. Setor pede apoios ao Governo. “Nós não estamos fora da economia portuguesa, somos o reflexo dessa economia", alertam.

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As seguradoras estão a trabalhar “em consonância” para devolver aos portugueses uma parte do seguro das viaturas, porque praticamente não houve risco nem sinistralidade, durante o estado de emergência decretado devido à pandemia de Covid-19.

A revelação é feita à Renascença pelo presidente da Associação Nacional de Agentes e Corretores de Seguros (APROSE). Explica David Pereira que “a sinistralidade baixou exponencialmente de forma drástica e as seguradoras vão devolver o dinheiro correspondente a este período de paragem, atendendo a que não se sentem confortáveis para receber um valor quando o risco foi inexistente”.

A medida, que a generalidade das seguradoras se prepara para adotar, será também uma resposta ao agravamento dos incumprimentos no ramo automóvel.

“Os automóveis deixaram de circular e as pessoas viram-se no direito de não circulando, não havendo risco, não pagar o seguro”. David Pereira faz notar, porém, que o risco não desapareceu, porque “um veículo, na via pública ou na garagem, mesmo parado um, dois ou seis meses, é obrigado a ter seguro”.

Incumprimentos, também, na área dos seguros de trabalho

Também no ramo dos acidentes de trabalho há um aumento de incumprimentos no pagamento de seguros, porque, diz David Pereira, "as empresas ao fecharem portas sentiram-se no direito de não pagar”. O presidente da APROSE esclarece que aqui não se aplicam os casos de teletrabalho, em que o seguro “vigora em pleno”, mas sim os trabalhadores que foram para casa, por exemplo, “em situação de 'lay-off' e em que o risco de acidente de trabalho deixou de existir”.

David Pereira dá como exemplo o setor da restauração, que “parou, e em que as empresas deixaram de pagar o seguro”. Não sendo jurista, como sublinha, o presidente da APROSE admite que “não existindo risco, o seguro não faz sentido”.

Manifesta, contudo, “dúvidas” numa situação que é temporária e que levou as seguradoras, “por exemplo, a diferir os pagamentos de abril, para maio ou junho”. As medidas adotadas não são comuns a todas as seguradoras nem se aplicam de igual forma a todos os clientes. “Depende da realidade de cada empresa, da sua grandeza, necessidades e especificidades”, detalha

De fora dos apoios do Governo

Enquadradas no espetro das atividades essenciais, as empresas mediadoras de seguros não foram abrangidas pelas medidas de apoio decretadas pelo Governo. Algo que David Pereira fez sentir ao executivo, na medida em que “estas empresas precisam de apoios como as outras” e sentem o impacto da recessão.

“Nós não estamos fora da economia portuguesa, somos o reflexo dessa economia. Se os nossos clientes – empresas ou particulares – entram em 'lay-off', ou caem no desemprego, se as empresas fecham, nós não estamos fora desse universo”, sublinha.

A APROSE representa cerca de 2 mil profissionais de seguros (mediadores e corretores) , representativos da multiplicidade de seguradoras existentes em Portugal, excetuando-se os agentes exclusivos, que trabalham apenas e só com uma seguradora.

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