26 jun, 2019 - 17:24 • Sandra Afonso
Na Europa, a perda conhecida e desconhecida representou em média 1,44% das vendas dos retalhistas, entre 2015 e 2017. Se juntarmos a isto os custos com medidas de segurança e prevenção contra o furto, a conta sobe para 2,1%. São 89 euros por europeu, por ano.
São dados avançados no último relatório "Retail Security in Europe 2019", da Crime&Tech, uma organização da Università Cattolica del Sacro Cuore – Transcrime, com o apoio da Checkpoint Systems, que analisou 11 países europeus.
O relatório concluiu que, por sectores, estas perdas e o investimento em segurança já representam 2,6% das vendas na alimentação, enquanto que nos artigos têxteis chegam aos 2,1%. No total, os custos da delinquência representam a faturação total da quarta cadeia de distribuição europeia.
Os artigos mais furtados
Bebidas alcoólicas, queijo, carne, doces e enlatados, por esta ordem, são os artigos mais roubados no sector alimentar.
Já no sector do vestuário, os artigos mais apetecíveis são os acessórios, como bijuteria e malas, seguidos de malhas, calças e camisas.
Na bricolage as ferramentas elétricas são as mais furtadas, seguidas das restantes.
Por fim, o sector da eletrónica, onde os telemóveis são claramente favoritos, seguidos de acessórios, como auscultadores.
Facilitadores da fraude
Segundo os retalhistas europeus, o fenómeno de perda é maior nas áreas urbanas com alta densidade populacional e rendimentos mais baixos. É também maior em lojas de tamanho grande e existe uma correlação entre o número de horas de abertura ao público e a perda registada.
Este estudo defende ainda que a fraude aumenta em estabelecimentos próximos de estações de comboio ou do metro, nos que estão situados nas ruas mais movimentadas e nas lojas com caixas de self payment.
Quatro em cada 10 furtos tem recurso a armas
A causa de perda mais frequente é o furto por parte dos consumidores. Apenas 28% é cometido por indivíduos isolados; a maioria (quase 72%) é realizado por grupos de duas ou três pessoas.
Ainda assim, este estudo sublinha que na Europa continua a ser marginal o uso da força com armas de fogo (16,7%) ou mesmo física (8,3%). Chegam aos 38% os furtos com armas de fogo e navalhas, mas a maioria das ameaças é feita sem mostrar qualquer arma. Estão a aumentar os microgrupos organizados nómadas, mas este é um fenómeno emergente.
Significativos são também os furtos internos e na cadeia de distribuição. São cometidos através da manipulação dos dados de vendas, uso abusivo dos cartões de fidelização e de oferta, falsos reembolsos e devoluções e aumento do preço dos artigos.
Sazonalidade do furto
A maioria dos inquiridos (62%) aponta o Inverno como a época em que há maior probabilidade de perda, seguido da Primavera e Verão. No entanto, no pico do Verão os furtos disparam e a estação sobe para o segundo lugar.
Este estudo foi realizado em 11 países europeus (Alemanha, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Itália, Holanda, Polónia, Suécia, Reino Unido e Rússia), com inquéritos a retalhistas de cerca de 23 mil lojas, dados sobre as perdas de 3500 lojas, a análise de 1600 notícias sobre a delinquência no retalho e entrevistas a mais de 50 diretores de segurança.