07 jul, 2016 - 12:30
A intervenção feita pela Volkswagen para corrigir as emissões dos seus veículos está a ser posta em causa e até investigada, no caso dos Estados Unidos, por se considerar que a emenda chega a piorar o desempenho dos carros.
A notícia foi avançada esta quinta-feira pela Deco, que cita um estudo da sua congénere italiana, a Altroconsumo. Segundo a associação de defesa do consumidor italiana, o estudo “comprova a inutilidade da intervenção que a Volkswagen está a realizar nos carros com emissões falsificadas”.
“Como se não bastasse”, continua o comunicado, “para a marca alemã, os consumidores americanos são mais importantes que os europeus”.
A Deco relembra o escândalo que rebentou há cerca de um ano quando foi descoberto um esquema fraudulento implementado pela Volkswagen nos seus carros para mascarar os valores reais das suas emissões nocivas.
O esquema foi detectado inicialmente nos Estados Unidos, onde afectava cerca de meio milhão de carros, mas rapidamente se concluiu que a fraude era muito mais extensa e que poderia envolver mais de 10 milhoes de veículos. Em Portugal, foram detectados 120 mil carros com este problema, das marcas VW, Audi, Skoda e Seat.
Segundo a Deco, “uma das decisões tomadas pela Volkswagen, em conjunto com as autoridades dos vários países, foi proceder à eliminação do mecanismo fraudulento nos veículos, garantindo ao mesmo tempo que todos os parâmetros correspondentes ao desempenho, influindo emissões, se deveriam manter (ou até diminuir, no caso dos óxidos de azoto) face às condições de homologação”. Para o efeito, foi feita a chamada dos carros afectados às oficinas da marca, mas, de acordo com a Altroconsumo, “os primeiros resultados desta intervenção técnica são decepcionantes”.
A única alteração detectada em laboratório, para os valores das emissões de óxido de azoto (NOX), “é o seu aumento em mais de 13% relativamente aos valores medidos antes da intervenção realizada nas oficinas da marca alemã”, diz a associação. Ou seja, “o problema inicial não é de forma alguma corrigido”, mas, “pelo contrário, agrava-se”.
A Deco veio entretanto garantir que vai questionar os Ministérios da Economia e do Ambiente “com carácter de urgência” relativamente a esta questão, considerando que a Volkswagen tem de esclarecer os consumidores relativamente à finalidade da sua intervenção.
Já nos Estados Unidos, as autoridades locais não aceitaram o pedido de desculpas da marca alemã e intentaram investigações que, segundo a Deco, “podem resultar em avultadíssimas multas”.
A Volkswagen decidiu indemnizar os consumidores enganados nos EUA, mas na Europa, a marca nega qualquer pagamento. Para a defesa do consumidor, a decisão “estabelece patamares com consumidores de primeira, os americanos, e de segunda, os europeus”.
O comunicado enviado esta quinta-feira às redacções pela Deco termina sublinhando que aguarda “pelas respostas da marca alemã e por um desfecho equilibrado e justo para o problema que criou e por ter enganado tantos milhares de consumidores portugueses”, ou, garante, definirá “novos caminhos de acção”.