29 jan, 2016 - 23:38
O ministro das Finanças tem um entendimento diferente sobre o email enviado pelo Banco Central Europeu sobre a venda do Banif.
De acordo a imprensa, nessa correspondência o mecanismo único de supervisão terá indicado o Santander como a melhor proposta levantando dúvidas sobre a transparência do processo.
Esta sexta-feira, na comissão de orçamento e finanças, o ministro Mário Centeno sublinhou que não era esse o entendimento que tinha do email.
“Esse email faz referência aos diversos contactos que as diferentes propostas estão a merecer do lado do Banco de Portugal e da direcção-geral da concorrência. E reporta qualificando-as: a do Santander como uma proposta com características de poder continuar e as outras propostas como tendo deficiências face aquilo que eram restrições de ajuda de estado existentes”, disse.
O ministro acrescentou que "a proposta do Banco Santander, tal como apresentada pelo Banif, era a de excluir 3.022 milhões de euros de activos e oferecer um preço de 150 milhões de euros. Não propunha a devolução de `CoCos` [a última fatia de instrumentos híbridos de capital subscritos pelo Estado no valor de 125 milhões de euros] e apontava para uma redução de 800 trabalhadores".
"Os activos que o Popular se propunha não comprar ascendiam a 7.725 milhões de euros. O Popular propunha-se comprar apenas uma parte muito reduzida do Banif e pagava zero e reduzia 900 trabalhadores", disse o ministro, perante a insistência dos deputados que o ouviam na Comissão de Orçamento e Finanças.
Mário Centeno vincou que "todos estes números são válidos fora do cenário de resolução". E acrescentou que os valores apresentados são apenas uma parte das propostas que os dois bancos que integram grupos espanhóis avançaram para adquirir a participação de 60% que o Estado detinha no Banif até à sua resolução.
"As propostas vão ser seguramente do conhecimento da comissão parlamentar", assinalou o titular da pasta das Finanças.
Por outro lado, Centeno referiu que os bancos portugueses (CGD, BCP e BPI) que receberam apoio estatal em 2012 estavam impedidos de participar na corrida à compra do Banif, já que uma das condições impostas na altura - quando vigorava o programa da `troika` - era a de que não se podiam atirar para a compra de bancos nos dois anos seguintes à devolução dos auxílios.
Já passava das 23h00 quando terminaram os trabalhos da Comissão de Orçamento e Finanças, que tinha tido início pelas 17h00, e por onde passaram o governador do Banco de Portugal e o ministro da tutela.